quinta-feira, 16 de janeiro de 2014

Quando o Além me chamar


QUANDO O ALÉM ME CHAMAR



A lua cheia voltará seu rosto
à ironia de um destino incumprido
na noite imensa, ao longo de murmúrios
(...)

Apenas o eco se ouvirá dos passos...

Alguém virá tentar despir-me então, eu sei
a pele de sentimentos tão só meus
vestes esfarrapadas da memória
as sandálias rompidas
no longo peregrinar de meus caminhos

Alguém virá contar, a voz a soluçar
lamentos derradeiros, saudades sem esperança
passagens diluídas
em novo entretecer de mil lembranças
no tear misterioso do amor

Alguém virá depois então dizer, eu sei
que entre dois palmos de terra nasce o verde
que na raiz da madrugada nasce o sol
que entre duas nesgas de luz renasce o dia
se acaba um luto, se rasga um nome

Um nome...

Terá encostas de serra e penedias
desnudadas ao vento em arrepio
a engravidar de canções o íntimo da terra

Terá gente que chora e reza e estremece
rostos que foram sangue
o sangue numa oferta a latejar
quando a seiva era força e fogo e gesto de beijo

Terá gente que sonha e beberá meus versos
com sabor agridoce
no lento saborear do que restar de mim

E do alheamento
em que se transformar minha vertigem
talvez que esse nome ressuscite
para, liberto já dos fados duma vida
ser por meu fado
berço e sepulcro, inferno e santuário
num corpo todo ele feito de nada
de um mundo todo ele feito de tudo



                                   Aurora Simões de Matos
              no livro " Quando o Além me chamar"
2002 ----- 44 autores


terça-feira, 7 de janeiro de 2014

OPORTUNIDADES


OPORTUNIDADES






                       OPORTUNIDADES


Podem encontrar-se:



- Ao virar da esquina que, por ser esquina, não ajuda 


  à visibilidade.

- Na curva sinuosa do caminho que, por ser curva,  

  nos desvia a atenção.

- Na berma do percurso que, por ser berma, não nos 


  merece confiança.

- No piso escorregadio da via que, por ser 


  escorregadio, nos levanta temores
.
- No meio da estrada plana que, por demasiado

  
  óbvia, nos desperta suspeitas.



Assim sendo, é forçoso que o essencial seja uma


elevada dose de confiança em nós próprios...




Porque todos guardamos forças bem para além


do que julgaríamos ser o nosso limite, foi desde 

sempre nos momentos mais difíceis da História que

 o Homem soube descobrir as suas potencialidades 

 mais  escondidas, oferecendo-se a si próprio e aos

 outros as  OPORTUNIDADES maiores de 

 sobrevivência e de crescimento.



Neste Novo Ano que todos desejamos de ESPERANÇA


renovada e concretizada a nível pessoal e

 colectivo...votos de BOAS OPORTUNIDADES e de

 CONFIANÇA, para nelas investirmos o redobrar das

 nossas FORÇAS...




                             Aurora Simões de Matos