domingo, 25 de junho de 2017

"ODISSEIA DA ALMA", de Morgado Mbalate - Breve análise literária, por Aurora Simões de Matos


   MORGADO MBALATE, JOVEM POETA MOÇAMBICANO


                           
        Companhia inseparável, a belíssima Obra que o guindou ao respeito de seus conterrâneos



    NA  TVM  INTERNACIONAL, 
 PARA FALAR   DO  SEU LIVRO


                                                      "  ODISSEIA DA ALMA "
                                                       
                                                            ***




Breve análise, por Aurora Simões de Matos

( excerto)

( ... )
Sábio, o poeta. Numa juventude que respira legítimas ambições desocultadas, onde o cúmplice é agente de partilha. Numa inocência que se transfigura em minúsculas reflexões, onde o religioso é sinónimo e sujeito de religação. Numa disponibilidade que se expõe sem reservas, onde a sensibilidade criativa é inamovível referência de liberdade.
Manoel de Barros, um dos mais conhecidos e aclamados poetas brasileiros dos meios literários contemporâneos, será a sua mais forte influência.
A natureza e as coisas simples do quotidiano, fonte de inspiração primordial. O rio sujo e mestiço, sua poesia de eleição.Talvez que do mestre tenha herdado certo fascínio recorrente pelas palavras "pássaro", "passarinho", "ave", "garça", "gorjeio", "árvore" ou "terra", entre outras de significado tão abrangente quanto a sua especificidade. Num estilo que o define, enquanto jovem escritor, particularizando-lhe o pensamento, a ideia e a mensagem.
Sendo que a poesia é também arte, o impulso da criatividade emerge em Morgado Mbalate, num fluir de sensações em jogo de espelhos. Com a limpidez de um espírito poético de eleição, materializado em textos reveladores de afectos perenes. Sugestivas evocações, em belíssimas imagens, na sua expressão mais pura. Metáforas sinestésicas, na combinação perfeita de impressões sensoriais em profusão, com os sentimentos do poeta. A personificação, a prosopopeia, o animismo, a metonímia, em ritmos interiores geradores de uma dinâmica lírica, merecedora de toda a atenção.
Ler devagar a Obra deste autor é entrar na grande festa dos sentidos que os tons intensos de África nos sugerem. As cores, os sons, os cheiros, os sabores, maciezas aveludadas e rugosas asperezas. A pujança de uma natureza sempre viva, em harmonias que nos envolvem e acrescentam.
Os sonhos de uma moçambicanidade adulta, com coração de criança. A realidade de mãos dadas com a lenda. O preconceito de mãos dadas com a (in)diferença. A vida dura das gentes, plasmada em alegrias e esperanças redentoras.
Em toda a sua escrita, Morgado Mbalate por inteiro. Mesmo quando afirma: «Eu não sou uma semente de luz...», o poeta subscreve a importância da poesia no crescimento dos Povos.

                                                * Aurora Simões de Matos

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