terça-feira, 17 de abril de 2018

Mulheres estropiadas de guerra - Poema de Aurora Simões de Matos

MULHERES  ESTROPIADAS  DE  GUERRA


Era um vento distante
na ramagem longínqua dos sinais de morte
a bradar na noite sem sono

Eram ecos de raiva à solta
na voz da natureza em desespero

Embrulhada no frio
a pobre mãe viúva de seu filho
no silêncio dos lábios regelados
rezava ainda a oração perpétua

São seus todos os ventos
rebelados na voz que a chuva fustiga em coro

São suas todas as noites por dormir
e a natureza em pranto tem seu corpo



                                                          © Aurora Simões de Matos