Andam
perfumes à solta
pelos
ares da minha terra...
E
visões silvestres de montanhas virgens
pedregulhos
seculares batidos pelo sol
que
acolhe a brisa balouçando os acres giestais
e
o rosmaninho misturado ao alecrim
tojo
amarelinho, sargaço e urze à espera
do
tempo que se cumpre e abre a Primavera
Andam
perfumes à solta
pelos
ares da minha terra...
Arcas abertas de enxovais de linho
e
cheiros macios a lençóis corados
em
estendais no chão com amor regados
na
santa frescura das águas da fonte
aromas a barrela, silvinha trepadeira
aromas a barrela, silvinha trepadeira
e
ao tenro trevo que lhes borda a beira
pelos
ares da minha terra...
Rumores-cristal de ribeiros que cantam
a
canção do moinho em segunda voz
à
surda cantilena solta do canastro
na
primeira voz silvada do vento
em
louvores ao homem que ali traz seu pão
cantigas
guardadas rente ao coração
Andam
perfumes à solta
pelos
ares da minha terra...
Aromas
com cores de montes silvestres
jardins
de aconchego, verdura de mimos
cheirinhos
a fruta, a mel, a cravinas
aromas
a água, a sol, a frescura
carinhos
de orgulho nos ares lavados
em
casas de xisto ou granito erguidas
frontes
enfeitadas, varandas floridas
Varandas
floridas por mãos solitárias
da
pobre viúva que vive sozinha
da
mãe saudosa que perdeu seu filho
da
criança triste que já não tem pai
Mãos
que padecem de sede e de fome
mãos
perdidas na vida, que a vida consome
mãos
que só na varanda repartem sua dor
com
flores doutras mãos lembradas com amor
Varandas
floridas por mãos companheiras
mãos
soltas na terra revolvendo amor
varandas
às cores de tanto aconchego
que
lembram salas de visita onde repousam
espargos,
sardinheiras, ervilhas de cheiro
dálias,
rosas brancas, cedros pequeninos
As
gentes que passam ficam bem cheirosas
só
de apreciar varandas vaidosas
Andam
perfumes à solta
pelos
ares da minha terra...
´ Aurora
Simões de Matos
(Do
site da Câmara Municipal de Castro Daire
Concurso " Varandas floridas" -2012)
Concurso " Varandas floridas" -2012)
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