POEMA
SEM CUIDADO NEM MISTÉRIO

Em ribeiros tranquilos de metal polido
esbanjei preguiças sem cuidado nem mistério,
livre de não sentir o que quis deixar escrito
senão de lançar às águas um verso triste.
Apenas quis mirar no espelho da minha alma
sem reflexos de outros rostos.
Encontrei penas de pássaros perdidos
à beira dos arvoredos
e seixos com o nome destes olhos húmidos.
e seixos com o nome destes olhos húmidos.
Ouvi murmúrios a pedir ao céu conselhos
e abandonei a alma à sombra dos ulmeiros.
Lavei meus cabelos de espuma
na corrente da limpidez batida pelo sol das manhãs
em fios de luz branda e submissa.
Foram meus todos os instantes sem esperas
naquele poder estar sem cuidado nem mistério.
Olhei que o tempo de viver é bem mais curto
que um fio de água no mesmo sentido.
Aurora Simões de Matos
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