sábado, 26 de março de 2016

SEXTA FEIRA SANTA... NO CORAÇÃO DOS HOMENS!


A NATUREZA  TEM  DESTAS  COISAS,

                         O HOMEM TAMBÉM...





                     SEXTA FEIRA SANTA
  
A  Natureza tem destas coisas... o Homem também!


Na dor do tempo crucificado de dores, abre-se a mão e o coração para apanhar a última réstia de calor benfazejo. Que afaste a nostalgia, a desgraça e a revolta de quantas Cruzes foram plantadas no Calvário destes dias.
E nem um ténue fio de luz acontece. Sequer uma brisa a recordar o ciclo da vida. A lembrar que à tristeza sucede a bonança. Que o tumulto faz adivinhar a mansidão das horas. Que a esperança ainda faz vibrar o mundo.
Nem um arrepio de corpo que faça estremecer o luto da alma. Ou mesmo o breve trovão a deixar o último sinal de voz.
Apenas a indecisão das horas, a apreensão pela dúvida, o vazio do pano a rasgar na carne o significado da morte... o tempo à espera de uma redenção.
A MÃE AFLITA PELO DESTINO DE SEU FILHO !!!
Até que a próxima bomba humana estilhace vidas e alimente alaridos... apenas os dias atónitos, parados, esquecidos, neste tempo crucificado de dores.
A Natureza tem destas coisas... o Homem também...


                                                       Aurora Simões de Matos



sexta-feira, 25 de março de 2016

Aurora Simões de Matos - Poema em audio




PORQUE  TODOS OS DIAS DEVEM SER "DIA DA POESIA"... A MINHA  HOMENAGEM  A  TODOS  OS  POETAS


Aurora Simões de Matos

quinta-feira, 24 de março de 2016

A PÁSCOA DOS EMIGRANTES - POESIA



BEM VINDOS, EMIGRANTES  DO MONTEMURO E BEIRA-PAIVA





~~~~~ VIDAS EM REGRESSO ~~~~~


Deixaram um dia a musicalidade das fontes
e o trilho de caminhos desabridos

com a saudade

que a brisa de seus sonhos tentou em vão esquecer

Encheram cidades cinzentas de estranhas falas rezadas
e ajudaram a poluir horizontes apertados
onde não cabiam sequer as suas crenças
( ... )
Aprenderam linguagens sem estilo
e ofereceram suor e lágrimas a caminhos que não eram os seus

Espelharam miragens encantatórias
em cada regresso às origens agrestes de seus pais e avós

Elegeram a Páscoa como a primeira das três vezes
em que no ano haveriam de vencer todas as distâncias

Reabrem as varandas das encostas
e saboreiam apetites de aromas inesquecíveis
Emolduram de perfume a rosmaninho e alecrim
portas que se oferecem à VISITA DO SENHOR
e a rituais de romântica ancestralidade

Trazem dias de FESTA e emprestam pinceladas coloridas
ao xisto negro que os viu nascer... ao granito duro que os viu partir


*** Aurora Simões de Matos









CHEGOU A PRIMAVERA


CHEGOU  A  PRIMAVERA








Bem a tempo de oferecer-nos o chão enfeitado de todas as cores... o beijo entre aves de todos os céus... a visita de Obama a Cuba, selando o tão esperado apoio a um Povo que o esperava há tanto!
E eu, pasmada de buliçosa euforia, ofereço-vos o meu poema...
VIVA A PRIMAVERA de todas as previsibilidades, com salpicos de imprevisto a colorir-lhe a cintura!


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Já o chão se enfeitou de presentes...
Se souberes escutar
ouvirás o arbusto a gargalhar de verde
o brilho das estrelas coado na limpidez das águas
Tal qual a criança
que frágil se abalança entre passos de gozo
aprende a esquecer
a velha condição da natureza morta
e parte à descoberta de alianças de vida
Já o ar se encheu de secretos apelos
Se souberes escutar
ouvirás na lonjura a dimensão de um sonho
segredo guardado a desabafar
o zumbido urgente de uma esperança nova
À boca do peito encosta as mãos em cruz
e esculpe o modelo do amor que renasce

                                                            Aurora Simões de Matos