LANÇAMENTO NO MUSEU NACIONAL GRÃO VASCO,
EM VISEU, a 28 de Janeiro de 2016
Ao fim de 15 anos, regressei à poesia. Para biografar Judith Teixeira ( 1880 - 1959 ), voz silenciada pelo preconceito de uma época, e hoje considerada uma das maiores poetisas do Modernismo Português.
Nesta obra, tendo como suporte as personalidades de Simone de Beauvoir, de Frida Kahlo, de Virgínia Woolf, de Isadora Duncan, de Anais Nin, de Valentine de Saint-Point, de Edite Piaf, de Marilyn Monroe, de Safo de Lesbos... nove Mulheres com nome consolidado na História de um passado mais ou menos distante, tento trazer a público esta viseense esquecida. Ultrajada por suas opções de vida, numa época em que o preconceito fazia lei. A condição feminina, tantas vezes defendida nos seus direitos desiguais, em meus livros anteriores, ultrapassa aqui a ruralidade serrana do Montemuro, para se deter na urbanidade não menos penosa de Lisboa dos princípios do século XX.
Já marcadas apresentações da obra para Lisboa, Porto, Lamego e Braga.
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Pregão
Era ela a escolhida de um destino sem remorsos.
Vibrante no labirinto das inquietudes soltas por palavras
que a arte transformara em grito. De ousados timbres.
Assumidamente provocadora. Podia fechar os olhos e
fingir-se de morta. Mas a vibração da alma inventara-lhe
sobressaltos na partilha dos dias. Cantá-los era função
agitada de densos calibres. Tentou fazer-se ouvir para
além dos tumultos. Acendeu o cigarro à janela. Lá fora
passava um pregão anunciando águas de frescura.
( do livro " O amor é sempre inocente" )
Aurora Simões de Matos
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