Vidas em Regresso
A PÁSCOA DOS EMIGRANTES
Deixaram um dia
a musicalidade das fontes
e o trilho de caminhos desabridos
com a saudade
que a brisa dos seus sonhos tentou em vão esconder
Encheram cidades cinzentas de estranhas falas rezadas
e ajudaram a poluir horizontes apertados
onde não cabia sequer a sua crença
Aprenderam linguagens sem estilo
e ofereceram suor e lágrimas
a caminhos que não eram os seus
Espelharam miragens encantatórias
em cada regresso
às origens agrestes de seus pais e avós
Elegeram a PÁSCOA
como a primeira das três vezes
em que no ano haveriam de vencer todas as distâncias
adentrando a estação maravilhosa
adentrando a estação maravilhosa
Reabrem as varandas das encostas
saboreiam aromas púberes
adoçados na masseira das lembranças
adoçados na masseira das lembranças
emolduram de perfume a rosmaninho e alecrim
portas que se oferecem à Visita do Senhor
e a rituais de romântica ancestralidade
Trazem dias de festa
e emprestam pinceladas coloridas
ao xisto negro que os viu nascer...
ao granito duro que os viu partir...
ao granito duro que os viu partir...
Aurora Simões de Matos
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