terça-feira, 5 de fevereiro de 2013

INSÓNIA - Poema de Aurora Simões de Matos



INSÓNIA


 POEMA




Quando a solidão tomar conta de mim
E a insónia da noite acontecer
Quando a surdez do grito reprimido
Aumentar ainda mais o meu sofrer
Quando a injustiça da vida traiçoeira
Continuar sobressalto e pesadelo
E a cicatriz ainda por fechar
Teimosamente resolver sangrar


Quando a solidão tomar conta de mim
E o meu peito, ofegante de cansaço
Ou quem sabe, sedento de emoção
Não conseguir conter aquele soluço
Que me sacode o corpo num frémito de dor
E angústia e revolta... e raiva... e desamor


Por muito insónia que minha noite esteja
Por muito injusto que meu soluço seja
Lá fora a noite esqueceu já meu pranto
Lá fora a noite continua linda
Lá fora há luz, há cor, há céu, há mar
Lá fora, há gente que me espera ainda


Lançarei ao vento meu queixume magoado
Apanharei a pétala que o vento me trouxer
Farei dessa pétala um amuleto perfumado
Meu mais belo segredo de Mulher
Deixarei florir meu riso embriagado
Deixarei fruir minha gargalhada linda
Lá fora, há gente que me espera ainda


E à injustiça do destino traiçoeiro
Que lançou no abismo meu gozo mais profundo
Responderei serena, forte, de cabeça erguida
Lançarei, corajosa, um desafio ao Mundo


Largarei os fantasmas do meu coração
Para conceder à Vida... outra vez... o meu PERDÃO


Aurora Simões de Matos



4 comentários:

Teresa Alves disse...

Que voz!! Quisera a poesia, e toda ela, ser sempre esse grito de lucidez. Com perdão e gratidão. E as noites, um sonho a não se querer dormir.


Beijo Aurora.

raiz de xisto disse...

Beijo,querida Teresa,por essa lucidez que é também a sua.E pelas muitas vezes que já perdoou à Vida.penso mesmo que é a melhor filosofia...

vida entre margens disse...

Emocionei-me com este poema! Depois da insónia da noite e do tormento da solidão, há um despertar para a vida, um sorriso esboçado no rosto da Poetisa, ao tomar consciência da dualidade do dia e da noite. A noite ao mesmo tempo inspiradora e egoísta, leva-nos, por atalhos que muitas vezes não conseguimos enxergar. Mas a vida é cíclica e os dias também. O sol volta a nascer e no coração volta a brilhar a luz da esperança...
Adorei este perdão concedido à vida...beijo grande Amiga Aurora Simões de Matos

raiz de xisto disse...

Haja ESPERANÇA,querida Poetisa Cristina Cebola !!!E FÉ em melhores dias.

Sempre grata por seus comentários imbuídos de atenção e carinho.
Grande abraço.

Aurora