Apresento-vos a minha terra de xisto:
Meã, à beira-Paiva, freguesia de Parada de Ester, concelho de Castro Daire
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Sinto saudades de ti ó linda aldeia serrana onde passeei meus sonhos a meia-encosta do rio |
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Parada de Ester e Meã, estendidas na falda do Montemuro |
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Meã - Panorâmica do Povo de Cima |
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Meã - Panorâmica do Povo de Baixo, onde nasci |
Terra
amiga
Puros
são os ares e puras são as gentes
e
a água cristalina que brota do teu ventre,
Terra
amiga…
Há
tanto tempo te conheço assim,
presépio
do meu imaginário
tornado
intemporal…
É
o mesmo cheiro a urze e a giesta,
a
mesma a carqueja da Portela
e
o som dos grilos,
ensaiando
a mesma serenata.
A
fonte lá está ainda,
perpetuando
o murmúrio da frescura
e
a canção que embalou as gerações
com
amores telúricos
que
as tuas entranhas
não
se cansam de ofertar…
Generosa
és, terra abençoada por Deus!
O
espírito das coisas paira
nos
teus perfumes e sonoridades,
na
luz que torna mais lindas tuas cores,
no
borbulhar da vida simples
que
a Natureza te reserva.
Ouve
meu pedido, terra amiga:
-
Não deixes que adulterem tua essência
com
brilhos duvidosos…
Não
deixes que te disfarcem
com
vestes
de
estilistas que não te conhecem as medidas
nem
sabem que há fibras e texturas
que
não combinam com a cor do teu cabelo negro
nem
com a transparência dos teus olhos verdes…
Não
deixes que a erosão do artifício
violente
a virgindade das tuas pedras…
Ouve
meu pedido, terra amiga:
- Conserva
a simplicidade
e
a pureza dos teus dons
que
procuro e encontro sempre,
quando
estou cansada
da
busca inglória da autenticidade,
em
lonjuras onde a erosão do artifício
violentou
a virgindade das coisas todas!
Aurora Simões de Matos
Do livro Imagens da beira-Paiva (2010)
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