quinta-feira, 13 de setembro de 2012

Homenagem a Fernando Marado


Salão Nobre dos  Paços do Concelho de Lamego

1 de setembro de 2012

Homenagem a Fernando Marado, o Poeta-Cantor




                        Intervenção de Aurora Simões de Matos



O poema "Aos poetas de Lamego ",da autoria de Fernando Marado




Foi, sem dúvida, um dos pontos mais altos das Festas de Nossa Senhora dos Remédios. No Salão mais Nobre. Nos Paços do Concelho. No dia em que amigos e colaboradores, familiares, colegas e alunos, as entidades maiores da terra, o executivo camarário representado ao mais alto nível, a presença da Igreja, os escoteiros, os grandes da cultura lamecense, ali se concentraram. Para celebrar. Para colocar Fernando Marado no pedestal mais alto da nossa cidade.

Cidade que ele canta como ninguém. Que ele ama como ninguém. Cidade que o faz estremecer de emoção. Cidade que o acompanha nas suas imagens poéticas, ímpares de ternura. De respeito. De dignidade. Poesia que transborda amor e literatura. Assim é, simplesmente porque ele é “O Poeta”. O Poeta-Cantor. O Poeta da Partilha. O Poeta da Fraternidade. Tudo isto ele é. Muito mais do que isto ele é. Simplesmente. Sem nada pedir em troca. Como alguém escreveu e como alguém lá disse... «do lado do dar, nunca do receber». Dádiva pelo sabor da dádiva. O desnudar-se em sentimentos que perdurarão na memória das gentes. Muito para além deste tempo. Do seu e do meu tempo. Porque a memória não se esgota, quando se revê na escrita.

Escrita-pintura, a dele. De tons suaves, a sua tela. Salpicada da cor forte de uma escrita intensa. Tonalidades variadas a imprimirem a singularidade. Singular, a escrita. A palavra. O conceito. A circunstância. O bom gosto. E o gesto. Disponibilidade.

O gesto do Poeta. O seu gesto que é trabalho. Cumplicidade. Partilha. Convite. Convite a todos. Para que celebrem a Cultura. E a espalhem ao vento, pelas ruas e jardins da sua terra.

Homenagem de afetos, esta. Muitos e variados. O carinho e a amizade. A admiração e o respeito. A gratidão. Sobretudo, a gratidão. A dar que pensar. Como tantos falaram tanto do mesmo! Da gratidão. A dos velhos “dinossauros”, pela gratidão da fraternidade. A de profissionais da atualidade, honestos e confiantes, que aceitaram a mão de Marado e se abriram a experiências ímpares no Concelho, pela gratidão da partilha. A das crianças, tão bem representadas pela pequena leitora. O discurso da gratidão, pela excelência da pureza, na palavra e no sentir. Dimensões variadas, na intensidade. A acontecer em todos os presentes. Em todos os cantos daquele Salão Nobre.

Daqui a muitas décadas, Marado será ali recordado novamente. No Salão mais Nobre, onde a festa é quase sempre de regozijo.

Falar-se-á do Professor, do Escritor, do Poeta. Na pessoa global. Da sua vida e da sua Obra. Feitas circunstância de um tempo. E do caráter esmagador de uma personalidade fascinante. Que assumiu configurações que o perpetuaram. Principalmente, repito, como Poeta. O Poeta da escrita. O Poeta da pose. Com a divagação na ponta do pensamento. Com a dúvida existencial a transpirar da coerência. Com o discurso entrecortado de pausas, nervosas na lucidez. Com entoações pela vertente da fantasia. Muitas vezes a tropeçar no espanto de um registo-surpresa. Que tudo isto são tiques de Poeta. Quando o Poeta é a valer. Tão distante, que nos ultrapassa. Tão próximo, que nos esmaga.

Estavam lá todos. Cada um com o seu presente interior. Colhido no quotidiano da vida, que Marado ajudou muitas vezes a suavizar. Pela dádiva. Com um convite. Ou uma canção.

Presentes com rosto. Rostos com um sorriso.

Há pessoas que, em cada época, fazem a diferença. Que param para, ao retomar a viagem, levar os outros consigo. Que arrastam multidões. Que comovem plateias. Com o pensamento livre de amarras. E Marado tem – todos o sabem – a singular capacidade de levar os outros consigo. Por tal, o Poeta da Fraternidade e da Partilha.

Estavam lá muitos, na Homenagem. A cultura local, representada ao mais alto nível. Praticamente todos os autores lamecenses. Sabemos – todos o sabem – que alguns ficarão pelo caminho. Nem meia dúzia sobreviverá ao tempo. É normal que assim aconteça. Marado sobreviverá. Muito dele se dirá ainda, ultrapassadas as próximas décadas. Dele se dirá sempre. Se falará sempre. Que foi contemporâneo, amigo, confidente, companheiro de Macário Ribeiro de Almeida. De Sarmento. De Dacosta. Os maiores desta época. Esses também lá estavam. Para celebrar o Poeta. E o Amigo, que o é de todos.

Alguém sugeriu que urge ultrapassar esta Homenagem do intimismo. E passá-la para a ação do poder público. Que urge encher o Teatro Ribeiro Conceição. Num dia, sem outros estímulos fortes, que a cidade e as Festas ofereciam em simultâneo. Quem de direito, compreendeu a mensagem. Concordou. E sorriu, Que de sorrisos foi feita aquela tarde. Sorrisos de admiração e de respeito. De carinho. De gratidão. Que a gratidão esteve lá, prato forte na palavra e no gesto de todos nós.


                                                                                   
                                                                                         Aurora Simões de Matos

                                                      (Texto distribuído à imprensa )



O discurso de Homenagem a um Amigo e Homem da Cultura








Palmas para o pianista e para o violinista que acompanharam musicalmente o Poema



Um pedido de palmas para o homenageado

1 comentário:

A. disse...

http://www.facebook.com/media/set/?set=a.462986480402743.113467.100000741865903&type=1




Parabéns pela intervenção e melhor momento da "Homenagem".

Abraço