Salão
Nobre dos Paços do Concelho de Lamego
1 de setembro de 2012
Homenagem
a Fernando Marado, o Poeta-Cantor
O poema "Aos poetas de Lamego ",da autoria de Fernando Marado
Foi, sem dúvida, um dos
pontos mais altos das Festas de Nossa Senhora dos Remédios. No Salão
mais Nobre. Nos Paços do Concelho. No dia em que amigos e
colaboradores, familiares, colegas e alunos, as entidades maiores da
terra, o executivo camarário representado ao mais alto nível, a
presença da Igreja, os escoteiros, os grandes da cultura lamecense,
ali se concentraram. Para celebrar. Para colocar Fernando Marado no
pedestal mais alto da nossa cidade.
Cidade que ele canta
como ninguém. Que ele ama como ninguém. Cidade que o faz estremecer
de emoção. Cidade que o acompanha nas suas imagens poéticas,
ímpares de ternura. De respeito. De dignidade. Poesia que transborda
amor e literatura. Assim é, simplesmente porque ele é “O Poeta”.
O Poeta-Cantor. O Poeta da Partilha. O Poeta da Fraternidade. Tudo
isto ele é. Muito mais do que isto ele é. Simplesmente. Sem nada
pedir em troca. Como alguém escreveu e como alguém lá disse... «do
lado do dar, nunca do receber». Dádiva pelo sabor da dádiva. O
desnudar-se em sentimentos que perdurarão na memória das gentes.
Muito para além deste tempo. Do seu e do meu tempo. Porque a memória
não se esgota, quando se revê na escrita.
Escrita-pintura, a dele.
De tons suaves, a sua tela. Salpicada da cor forte de uma escrita
intensa. Tonalidades variadas a imprimirem a singularidade. Singular,
a escrita. A palavra. O conceito. A circunstância. O bom gosto. E o
gesto. Disponibilidade.
O gesto do Poeta. O seu
gesto que é trabalho. Cumplicidade. Partilha. Convite. Convite a
todos. Para que celebrem a Cultura. E a espalhem ao vento, pelas ruas
e jardins da sua terra.
Homenagem de afetos,
esta. Muitos e variados. O carinho e a amizade. A admiração e o
respeito. A gratidão. Sobretudo, a gratidão. A dar que pensar. Como
tantos falaram tanto do mesmo! Da gratidão. A dos velhos
“dinossauros”, pela gratidão da fraternidade. A de profissionais
da atualidade, honestos e confiantes, que aceitaram a mão de Marado
e se abriram a experiências ímpares no Concelho, pela gratidão da
partilha. A das crianças, tão bem representadas pela pequena
leitora. O discurso da gratidão, pela excelência da pureza, na
palavra e no sentir. Dimensões variadas, na intensidade. A acontecer
em todos os presentes. Em todos os cantos daquele Salão Nobre.
Daqui a muitas décadas,
Marado será ali recordado novamente. No Salão mais Nobre, onde a
festa é quase sempre de regozijo.
Falar-se-á do
Professor, do Escritor, do Poeta. Na pessoa global. Da sua vida e da
sua Obra. Feitas circunstância de um tempo. E do caráter esmagador
de uma personalidade fascinante. Que assumiu configurações que o
perpetuaram. Principalmente, repito, como Poeta. O Poeta da escrita.
O Poeta da pose. Com a divagação na ponta do pensamento. Com a
dúvida existencial a transpirar da coerência. Com o discurso
entrecortado de pausas, nervosas na lucidez. Com entoações pela
vertente da fantasia. Muitas vezes a tropeçar no espanto de um
registo-surpresa. Que tudo isto são tiques de Poeta. Quando o Poeta
é a valer. Tão distante, que nos ultrapassa. Tão próximo, que nos
esmaga.
Estavam lá todos. Cada
um com o seu presente interior. Colhido no quotidiano da vida, que
Marado ajudou muitas vezes a suavizar. Pela dádiva. Com um convite.
Ou uma canção.
Presentes com rosto.
Rostos com um sorriso.
Há pessoas que, em cada
época, fazem a diferença. Que param para, ao retomar a viagem,
levar os outros consigo. Que arrastam multidões. Que comovem
plateias. Com o pensamento livre de amarras. E Marado tem – todos o
sabem – a singular capacidade de levar os outros consigo. Por tal,
o Poeta da Fraternidade e da Partilha.
Estavam lá muitos, na
Homenagem. A cultura local, representada ao mais alto nível.
Praticamente todos os autores lamecenses. Sabemos – todos o sabem –
que alguns ficarão pelo caminho. Nem meia dúzia sobreviverá ao
tempo. É normal que assim aconteça. Marado sobreviverá. Muito dele
se dirá ainda, ultrapassadas as próximas décadas. Dele se dirá
sempre. Se falará sempre. Que foi contemporâneo, amigo, confidente,
companheiro de Macário Ribeiro de Almeida. De Sarmento. De Dacosta.
Os maiores desta época. Esses também lá estavam. Para celebrar o
Poeta. E o Amigo, que o é de todos.
Alguém sugeriu que urge
ultrapassar esta Homenagem do intimismo. E passá-la para a ação do
poder público. Que urge encher o Teatro Ribeiro Conceição. Num
dia, sem outros estímulos fortes, que a cidade e as Festas ofereciam
em simultâneo. Quem de direito, compreendeu a mensagem. Concordou. E
sorriu, Que de sorrisos foi feita aquela tarde. Sorrisos de admiração
e de respeito. De carinho. De gratidão. Que a gratidão esteve lá,
prato forte na palavra e no gesto de todos nós.
Aurora Simões de Matos
(Texto distribuído à imprensa )
O discurso de Homenagem a um Amigo e Homem da Cultura
Palmas para o pianista e para o violinista que acompanharam musicalmente o Poema
Um pedido de palmas para o homenageado
1 comentário:
http://www.facebook.com/media/set/?set=a.462986480402743.113467.100000741865903&type=1
Parabéns pela intervenção e melhor momento da "Homenagem".
Abraço
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