domingo, 27 de outubro de 2013

MENSAGEM DE OUTONO



A  COR  DA  MELANCOLIA





O peitoril desta varanda outonal, de onde preguiçosa e melancolicamente me detenho, é o ponto privilegiado do patamar a que consegui chegar. Mais por mercê da inexorabilidade do tempo do que por força das minhas ambições. 
Sinto-me bem nesta melancolia colorida de Outono, que assumo como aquele estado de graça em que, numa predisposição lógica e natural para a revisão sentimental(ista) dos meus sonhos, percepciono pequenas e grandes respostas a pequenas e grandes perguntas, com a lucidez que ultrapassa e apaga quase todas as dúvidas.

Até porque o acumular e o desmoronar de tantas das minhas ilusões e desilusões se transformaram naquela incomensurável mais-valia que quase me garante a imunidade ao risco.

Perante a explosão de cheiros, sabores e musicalidades, na profusão cromática de tanta vida em mim, sinto que quase já nada tenho a perder. É a sensação de vitória, entre melancolias de paz.



                                                          Aurora Simões de Matos




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