DESILUSÃO
Eu queria fazer em palavras as imagens que trago nos olhos
e vestir com gestos de harmonia a súbita memória
mas não há olhos que cheguem aonde não há olhar
nem vozes que cheguem aonde não há palavras...
Não há gestos sem corpo que os prenda a um regaço
nem canções sem lábios que as sintam no silêncio
sem ecos de outras canções a alongarem-se no tempo...
Não há vibrações de sangue a enviar mensagens
quando a água com que se mata a sede da chegada
é a mesma com que se fazem as lágrimas da espera...
Aurora Simões de Matos
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