sábado, 22 de setembro de 2012

O Cruzeiro da Paz

O Cruzeiro da Paz

Concelho de S. Pedro do Sul,
 Freguesia de S. Martinho das Moitas





Mandado construir por Agostinho Gaspar Gralheiro e inaugurado em 1945


 À sombra do Cruzeiro

Quando a minha memória descansar
à sombra do Cruzeiro de granito,
pedirei ao rumor dos pinheirais
só mais uma lembrança de meu Pai
para que, ao cheiro agreste do bravio
entenda a voz que uma vez mais e sempre
me encha o tempo até ser serra
me encha o sonho até ser rio.

E quando a minha memória renascer
à sombra do Cruzeiro de granito
pedirei ao rumor dos giestais
a voz de meus irmãos e meus iguais,
em mil lembranças de sonho feito rio
em mil recordações de tempo feito serra
para que, ao som agreste do bravio
entenda o sangue que nos enche o peito
e o rosto do gesto que vem e que vai
no rumor de brisas que guardam saudades
em vozes de orgulho com nome de Pai.

No " Cruzeiro da Paz " feito de serra e rio
descansarei à sombra do granito sem tempo
e encontrarei nomes escritos num só.



                                             Aurora Simões de Matos

HINO DOS GRALHEIROS



( CLIQUE PARA OUVIR O   HINO DOS GRALHEIROS  )





Aurora Simões de Matos ( esquerda), com a escritora castrense Dolores Marques- Dezembro de 2014






No Cruzeiro da Paz, Lubízios-----Homenagem a meu Pai, Agostinho Gaspar Gralheiro, que o mandou construir, em cumprimento de promessa e em regozijo pela Paz, depois da II Grande Guerra Mundial. Regozijo marcado no granito, com o "V" de Vitória.
Na imagem, leitura do poema acima transcrito, no ano de 2000, quando passavam cem anos sobre o nascimento do homenageado. Na vasta assistência, praticamente todos os familiares, que não se vêem na foto.

 Grupo de descendentes de Agostinho Gaspar Gralheiro, num convívio em 2010




O Estandarte da Família Gralheiro, exibido por um dos seus bisnetos, o Duarte Batalha Felicidade





Aurora Simões de Matos



4 comentários:

Ramos disse...

Os meus primeiros 6 anos de vida foram de profunda crise. Nasci uns dias antes da guerra começar. Sobrevivi, sobrevivemos, também havemos de sobreviver a esta crise se sorrirmos.

raiz de xisto disse...


Obrigada.F.Ramos,pelo comentário.Nasci pouco depois de ti,Amigo.Lembro-me de estar numa fila de gente,pela mão da minha "criada",à espera de vez para comprar açúcar e sabão,que era racionado.
Meu pai era conhecido pelo nome de "Rei do minério".Era dono de minas de volfrâmio,as mais famosas situavam-se em Regoufe(Arouca).Amigo dos ingleses,só a eles vendia o minério.A sua história de vida foi escrita por mim ,no livro "Imagens da beira-Paiva".
O Cruzeiro ,mandou-o ele construir no local onde,andando no monte a guardar as cabras de seu pai,pegou numa pedra para atirar a uma...e sentiu que era diferente.Tinha descoberto a primeira pedra de volfrâmio,das muitas que encontraria na vida,o que lhe permitiu a sua fortuna.
Todos os anos no dia 10 de Junho,me junto a meus irmãos e nossos descendentes,para aí celebrarmos a memória de nosso PAI,uma pessoa fascinante.

Quanto à crise actual,é bem capaz de não ir ao sítio sem outra Grande Guerra.Que isto está ruim demais para sorrisos...
Um abraço, pelo teu apoio.
Aurora

Ramos disse...

Bom Domingo!
Eu aprendi e ajudei o meu Pai a fazer sabão com soda cáutica e gorduras da ovelha que matavam todos os Domingos, no terreiro da aldeia, para todo o Povo pobre, solidário e feliz.
Nesse tempo a minha Mãe criou 3 matulões.
Um forte abraço amigo do
Felisberto/Cizaltina

raiz de xisto disse...

Nesse tempo era tudo tão menos complicado...Contentávamo-nos com o que havia e,como dizes,vivíamos felizes e contentes,pois nem nos apercebíamos de que a vida poderia ser diferente!
O progresso trouxe muita coisa boa,sem dúvida,mas alterou em muito a escala de valores em que fomos criados.
Se eu pudesse,ia buscar a minha boneca de papelão...lá ao canto da memória onde guardas também a tua bola de trapos!...
Outro abraço amigo,Felis e Cizal

Aurora