D. JOÃO CRISÓSTOMO GOMES DE ALMEIDA,
UM BISPO DE FORTE PERSONALIDADE
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Estendido na vertente do Montemuro voltada ao rio Paiva, o simpático lugar de
Outeiro de Eiriz, na Freguesia de Parada de Ester, concelho de Castro
Daire, orgulha-se de ter sido, no século passado, berço de uma das
mais proeminentes Figuras da Religião e da Cultura da nossa Diocese,
a Diocese de Lamego.
De
facto, ali nasceu, no dia 27 de Janeiro de 1901 e no seio de uma das
mais abastadas e conceituadas famílias da região, João Crisóstomo
Gomes de Almeida, que viria a ser mais tarde o prestigiado e entre
nós conhecido por «Senhor Bispo de Eiriz».
Os pais,
Augusto Gomes de Almeida e Felizina Teixeira Gomes, da Casa
Grande do Outeiro, aí criaram a
numerosa descendência, segundo os valores da moral tradicional, do
civismo e da religião católica, tendo o filho mais velho, João
Crisóstomo, sido encaminhado para a frequência do Colégio de
Lamego onde, dando já provas de grande inteligência e
personalidade, fez o curso liceal. Seguiu-se a admissão no Seminário
de Viseu, onde concluiu Humanidades, Filosofia e Teologia.
Não
mais desistiu da vida eclesiástica, sempre apoiado pelo padrinho,
familiar e grande amigo, o Rev. Pároco do Marco de Canaveses, que
certamente terá exercido grande influência nas escolhas do jovem
afilhado.
Foi
ordenado Presbítero a 10 de Junho de 1922 e nomeado Secretário
Particular do Prelado D. António Alves Ferreira, em 1924.
Mas já
em 1923 era professor do Seminário de Viseu, onde leccionou várias cadeiras,
passando a Reitor do mesmo, em 1934.
Nomeado
Vigário Geral do Bispado a 23 de Abril de 1950, foi também
camareiro secreto supranumerário de Sua Santidade, com o título de
Monsenhor e a faculdade de ministrar o Santo Crisma na Diocese.
Em todas
as funções que exerceu, tanto no âmbito de superior do Seminário,
como no de Vigário Geral e outras atribuições de grande
responsabilidade e exigência, demonstrou sempre grande competência
e zelo apostólico, tendo dedicado especial interesse e carinho à
Acção Católica e à pregação.
A sua
cultura pela arte e a sua sensibilidade estética levaram a que
várias vezes fosse solicitado para orientar a construção de
igrejas e residências paroquiais. E, como professor de Arqueologia e
Arte Sacra, incutiu aos seus alunos seminaristas e jovens sacerdotes
o culto do equilíbrio no gosto pela decoração e conservação dos
templos e seu património artístico.
Foi
eleito Bispo Titular de Gerafi e Bispo Auxiliar de D. José da Cruz
Moreira Pinto, Bispo Titular de Viseu, tendo sido sagrado a 8 de
Junho de 1956. Assim, até à morte de D. José da Cruz, em 1965, foi
D. João Crisóstomo o seu dedicadíssimo braço direito.
Nesse
mesmo ano, resignou e recolheu-se à tranquilidade do lar, a Casa
Grande do Outeiro de Eiriz onde passaria, no seio da família, as últimas três décadas de
vida.
Diariamente
celebrava a Eucaristia na Capela particular da sua residência,
mandada por si construir, em 1948. Apesar do recolhimento que
caracterizou todo esse tempo, era também natural a convivência com
as gentes humildes mas honradas da sua terra, onde granjeou simpatias
e sobretudo o maior respeito. Sempre muito acompanhado e apoiado pelo
sobrinho e afilhado, o Rev. Padre João Crisóstomo, ainda até há pouco responsável pela paróquia de Parada de Ester e que continua a
habitar a mesma Casa Grande .
Faleceu
na residência onde, quase um século antes, vira pela primeira vez a
luz do dia. Foi a 18 de Janeiro de 1996, uma semana antes de
completar 95 anos. Jaz no cemitério de Parada de Ester, em sepultura
de família.
A Junta
de Freguesia de Parada, a que se associou a Câmara Municipal de Castro Daire,
prestou-lhe, ainda em 1996, poucos meses após o seu desaparecimento,
sentida homenagem, tendo descerrado um busto em bronze, sobre
pedestal de granito, ao lado da entrada principal da Igreja Matriz.
Algum
tempo depois, em 1997, o Município de Castro Daire levou a cabo uma
outra manifestação de preito, dando o seu nome a uma nova praceta
da vila, onde figura, em lugar de destaque e sobre base de granito,
um medalhão alusivo.
Muito
estimado em Viseu, onde fez toda a carreira sacerdotal, nesta cidade
tem o seu nome perpetuado numa rua, por sugestão do Chanceler da
Cúria Diocesana à respectiva Câmara Municipal, que prontamente a
aceitou e lhe deu andamento prático.
Foi o
reconhecimento público dos que consigo privaram e que, além de
honrar aqueles de quem generosamente partiu, deixa para a posteridade
marcas da admiração, do respeito e do carinho por uma Figura
incontornável da nossa região e da nossa Diocese, que soube, em
cada momento, assumir uma dignidade de que todos os seus conterrâneos
devem orgulhar-se.
Pela
minha parte, que guardo nas memórias de infância o forte impacto da
impressiva imponência de D. João Crisóstomo em suas vestes de
festa, em alguns dos momentos mais altos da vida paroquial da minha
terra, fica cumprido o desejo de trazer ao grande público algumas
notas biográficas, que possam contribuir para um melhor conhecimento
daquele que foi, no século XX, sem dúvida uma das mais prestigiadas
personalidades do Montemuro e beira- Paiva.
D. José da Cruz Moreira Pinto, Bispo Titular de Viseu,
tendo a seu lado D. João Crisóstomo, seu Bispo Auxiliar
Viseu, 1958
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Nota:
Um especial agradecimento ao Rev. Cónego Sílvio Duarte Henriques, Chanceler da Cúria Diocesana de Viseu, pela disponibilidade na cedência de dados biográficos do Senhor D. João Crisóstomo, bem como das fotos que ilustram este trabalho.
*Aurora Simões de Matos
Um especial agradecimento ao Rev. Cónego Sílvio Duarte Henriques, Chanceler da Cúria Diocesana de Viseu, pela disponibilidade na cedência de dados biográficos do Senhor D. João Crisóstomo, bem como das fotos que ilustram este trabalho.
*Aurora Simões de Matos
Eiriz e, mais ao longe, Mós
Freguesia de Parada de Ester, concelho de Castro Daire
Casa Grande do Outeiro, em Eiriz - a casa onde nasceu
e morreu D. João Crisóstomo
* Aurora Simões de Matos
6 comentários:
Gostei! Estive na Sé de Viseu na sua ordenação como Bispo.Fiz para o Senhor Bispo torradas e chá quando, à hora do lanche, visitava os acampamentos dos escuteiros de Viseu.
Que mais dizer ?!Lindos tempos!
A sua proteção celeste.
Felisberto Ramos
Nesse tempo,ainda eu não tinha chegado a Viseu.Mas foi ele que me ministrou o Sacramento do Crisma,na igreja de Parada de Ester. Impressionava pela imponência das suas vestes e pela austeridade do seu porte.Paz à sua alma.
Aurora
Estou a procurar minhas raízes portuguesas. Meu avô nasceu em Parada de Ester e seu nome era Alfredo Dias de Almeida. Será que você poderia me indicar onde posso procurar essas informações? Obrigada, Ana
Olá,Ana Almeida
Se procura raízes em Portugal,apenas de natureza familiar e se seu avô era de Parada de Ester,aconselho-a a contatar a Junta de Freguesia ou a Paróquia de Parada de Ester.Ambas possuem sites próprios.Se deseja saber das suas raízes num sentido mais vasto,penso que este é o melhor sítio de que tenho conhecimento.Aqui vou partilhando usos e costumes daquela zona,levando ao grande público paisagens e viveres,linguagens,espiritualidades e sentires em diversas abordagens.
Boa sorte,Ana...
Cara Ana, veja o site do Arquivo Distrital de Viseu:
PRQ/PCDR06 Paróquia de Ester [Castro Daire] 1741-11-09/1882-12-25 Registo de Baptismos de Casamentos de Óbitos
http://digitarq.advis.dgarq.gov.pt/details?id=1053402
Obrigada pela ajuda. Ainda não encontrei o que procurava mas agora estou a fazer um doutoramento aqui em Lisboa e creio que terei mais tempo para procurar e inclusive, quem sabe, visitar Parada de Ester.
Obrigada mais uma vez,
Ana Almeida
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