quarta-feira, 31 de dezembro de 2014

FELIZ ANO DE 2015



A TODOS OS MEUS LEITORES E AMIGOS DESTE BLOGUE,  VOTOS DE FELIZ ANO DE 2015!!!

PAZ... SAÚDE... ALEGRIA... AMOR... LEALDADE NOS AFECTOS...



                                                          Aurora Simões de Matos




sábado, 27 de dezembro de 2014

DO MONTEMURO AO S. MACÁRIO E ARADA.... POR MOÇÃO, MEÃ E S. MARTINHO DAS MOITAS


PASSEIO  INESQUECÍVEL

( DEZEMBRO DE 2014 )

COM A ESCRITORA CASTRENSE, DOLORES MARQUES


No adro da capelinha de Moção, a terra de Dolores Marques



Como fundo... oliveiras de Moção




Na velhinha fonte de Meã de Baixo




 Em Moção que já foi sede de concelho, nos primórdios da nacionalidade portuguesa



 A passar pelo alambique do Povo de Baixo, em Meã



 Na entrada da casa onde nasci, em Meã, Castro Daire



 Marcas que não me deixam mentir!!!... ou  O carinho das gentes da minha terra



 O CRUZEIRO DA PAZ EM  LUBÍZIOS, S. MARTINHO DAS MOITAS, S. PEDRO DO SUL, edificado em cumprimento de promessa e como regozijo pelo fim da Segunda Guerra  Mundial


 Mandado edificar, em 1945, por AGOSTINHO GASPAR GRALHEIRO, MEU PAI...



Com a escritora castrense Dolores Marques, minha companheira nesta viagem inesquecível...
 DO   MONTEMURO  À  ARADA


Dezembro de 2014

Aurora Simões de Matos

domingo, 21 de dezembro de 2014

CONTO DE NATAL-------- O NATAL DA IN ( DIFERENÇA ) ------- Aurora Simões de Matos



O NATAL DA IN ( DIFERENÇA )

TESTEMUNHO REAL




Era para ter sido um Natal igual a tantos outros, com as recordações que a distância do tempo nunca apagara. A inocência do meu sapatinho de criança ao lado da lareira, por onde haveria de descer o Menino Jesus, mais tarde transformado em Pai Natal, a trazer-me rebuçados e brinquedos de latão. A mãe e a Cordália à volta do fogão de lenha, nos preparativos da consoada. O cheirinho a canela com açúcar das rabanadas, das filhós, da sopa-seca, da aletria. A travessa do bacalhau com couve-troncha a fumegar. O mostra -esconde dos pinhões, no jogo do " par ou pernão". A permissão de que eu e minha irmã gozávamos, para um golinho de vinho fino.  
Mais tarde, na minha própria casa, o presépio feito com musgo da Serra das Meadas. A curiosidade de minhas filhas pelos embrulhos que iam engrossando o monte, ao canto da sala de jantar. A mesa grande, exibindo as louças apenas usadas em dias festivos, sobre toalhas alusivas. A mesa das sobremesas, onde havia um pouco de tudo o que qualquer família tradicional se oferecia naquela noite. As passas, os pinhões, as nozes, as avelãs, as frutas cristalizadas, os fritos doces e salgados, bolinhos variados, as romãs ao lado do ananás e, em lugar de honra, o tronco de Natal e o bolo-rei. A chegada dos que, de longe, vinham partilhar connosco a Festa da Família. A saudade dos ausentes. A animação de uma consoada intencionalmente prolongada pela noite adentro. A entrada do Pai Natal, com um grande saco de prendas às costas. A música de fundo que, desde manhã e durante todo o dia, até à hora em que os corpos cansados pediam um cacau quente, oferecia o ambiente místico de mais um Natal feliz.

Era para ter sido um Natal igual a tantos outros. E enquanto me dirigia ao comboio, a caminho do aconchego dos meus, relembrava, com a placidez, o desvelo, a ternura e a tolerância que a tradição impunha, alguns dos referentes que, alheada da realidade, imaginava eu pertencerem, com maior ou menor abundância, aos Natais de toda a gente.
Apressando o andar por entre o formigueiro de Santa Catarina em véspera de Natal, olhava de relance as montras aturdidas de apelos e recordava noites de emocionadas intenções de sentimentos, que desaguavam sempre na alegria, em propósitos sublimes, alguns pudores e, cada vez mais, numa doce nostalgia.
Clássicos musicais enchiam os ares. A gente buliçosa daquele Porto redobrava de irrequietude, na azáfama das últimas compras dos últimos dias. Arcos de luz e cor coroavam de festa o sorriso dos rostos do casario e a euforia dos rostos da gente. Cada porta deixava adivinhar um ambiente de especialíssima brandura, cada janela uma luminosidade coada pela devoção dos pinheirinhos, ao lado de ícones românticos a perpetuarem a linguagem da ternura.
Tudo em consonância com a época, tudo muito igual a sempre, muito certo e perfeito... até ao momento em que, ao cabo daquela rua, me preparava para descer à estação de S. Bento. Num repente, toda a paisagem emudeceu.

Nem o pasmo das lágrimas assustadas ou a impotência das lágrimas mudas, nem a amargura salgada das lágrimas inconformadas ou o grito alucinante das lágrimas em revolta nos rostos que a surpresa daquele instante metamorfoseasse até ao extremo da dor, conseguiriam traduzir o tormento da cena que, escandalosamente objectiva, se oferecia ao olhar de quem passava.

Num quadro de martírio emoldurado por uma auréola de nevoeiro, na pedra fria do chão despojado do passeio, na mais injusta e inquietante orfandade de amor, um bebé deitado, inocentemente alheio ao mundo, aparentemente alheio à vida, perturbadoramente alheio ao frio cortante de Dezembro e à chuva miudinha que entretanto começara a cair.
Metros abaixo, outro bebé tão quedo, mudo e alheio como o primeiro. E outro. E mais outro. Estariam adormecidos ou anestesiados?

Em vão procurei com o olhar a figura de um pai, de uma mãe, de um qualquer farrapo humano que, nas fímbrias de uma sociedade em desamor, no avesso de uma sorte em desesperança ou na transgressão de uma maldade proscrita, justificasse a imolação daqueles inocentes.
Em vão procurei uma autoridade que repusesse a dignidade e o decoro naquela rua, que protegesse aquelas crianças indefesas, que castigasse aquele crime revoltante.
Em vão procurei os que se tinham cobardemente escondido. Por única companhia visível, a frigidez de uma caixa de cartão com algumas moedas.

Com os olhos da alma estendidos pela descida daquele passeio, presa ao pensamento dos horizontes mais escuros, presa na interrogação de mil porquês, senti o gelo do sangue que parou nas veias da cidade.
Escondida dentro de mim, desviei os passos atónitos e cambaleantes por outro caminho e deixei cair o corpo no assento de uma viagem de comboio que nunca antes me tinha sabido a fuga.

Alguns dias depois, em casa, aninhada a um canto do sofá, ainda no desconforto daquelas imagens, lia, num jornal diário da cidade do Porto, o grito de revolta de alguém, numa denúncia que, aturdida e atormentada, não tivera eu a coragem de fazer.

Tinha passado o Natal de toda a gente. O daquelas vítimas inocentes e frágeis que não sei se sobreviveram ao drama. O daqueles pais que não quero, porque não sei, julgar. O dos derrotados e o dos triunfantes da vida.
O meu também. Sem sorrisos condescendentes, sem abraços tolerantes, sem gestos solidários. Porque, exigente no plural da minha mágoa, acabei por estragar a Festa da Família.

Hoje, marcada para sempre pela visão daquela manhã, volvidos já uns bons vinte anos,reencontro os mesmos dramas. E vasculhando nos escombros do que foi a poesia de Natais sem retorno, encontro uma difusa auréola de nevoeiro, a emoldurar um   quadro onde se lê a palavra SAUDADE.

Aurora Simões de Matos

Colectânea " NATAL RENASCIDO" - 2006
Colectânea " LUGARES E PALAVRAS DE NATAL" - 2014


quarta-feira, 3 de dezembro de 2014

AURORA SIMÕES DE MATOS NO ROTARY CLUB DE LAMEGO


SESSÃO DE HOMENAGEM
 AOS MELHORES ALUNOS DO ANO DE 2013 - 2014

NOS TRÊS ESTABELECIMENTOS DE ENSINO DA CIDADE DE LAMEGO




Não foi a primeira vez que falei no Rotary Club de Lamego. No entanto, este convite para palestrar na HOMENAGEM AOS MELHORES ALUNOS DO ANO, foi uma grande honra para mim.
Já porque se tratava de falar das Melhores dentre os Melhores, três jovens lindas e inteligentes, já porque me deu a oportunidade de entrar nas minhas próprias MEMÓRIAS e partilhá-las com uma assistência de luxo.
Não foi difícil improvisar o discurso ( embora na foto não se note!  ). Fazer, por comparação com a minha experiência de estudante e professora antes e depois de ABRIL, a análise a uma democratização do ensino perversamente aliada a uma competição nem sempre saudável, que conduz a este futuro com tão poucas perspectivas... e ainda assim elogiar o sistema das mesmas oportunidades para todos,foi o modo desapaixonado que encontrei para felicitar as jovens estudantes( duas de medicina e uma de engenharia), as suas famílias e toda a comunidade educativa presente na sessão.
Muito obrigada pelo convite, pelo respeito com que ali sou sempre recebida e pela atenção com que todos me ouviram.
Aurora Simões de Matos


















MUITO OBRIGADA PELO CONVITE, PELO RESPEITO COM QUE SEMPRE SOU RECEBIDA NO ROTARY CLUB DE LAMEGO... E PELA ATENÇÃO COM QUE TODOS OUVIRAM A MINHA PALAVRA.

Aurora Simões de Matos

AURORA SIMÕES DE MATOS ---- MEMBRO ACADÉMICO HONORÁRIO DA ACADEMIA DE LETRAS E ARTES LUSÓFONAS

DIPLOMA DE RECONHECIMENTO AO MÉRITO





MUITO GRATA À ACLAL...


Aurora Simões de Matos

quinta-feira, 27 de novembro de 2014

quinta-feira, 2 de outubro de 2014

.BIOGRAFIA ROMANCEADA DE MARIA DO CÉU TRINDADE ... " A SOBREVIVENTE " --- LANÇAMENTO DO LIVRO EM CASTRO DAIRE

CENTRO MUNICIPAL DE CULTURA


"A  SOBREVIVENTE "
DIREITOS E DEVERES DA MULHER RURAL 
DO SÉCULO XX

13/ 09/ 2014



 « No entendimento de que contar esta história de vida só faria sentido, se a enquadrássemos num contexto real, houve que, ainda assim, no desenrolar da narrativa, encontrar alguma ficção que lhe servisse de suporte.

Mas não será precisamente essa ficção que, na verosimilhança da sua autenticidade, ao importar como cenário que em nada altera o essencial da biografia, permitirá, com o maior realismo, uma melhor compreensão do mundo feminino em que nasceu e viveu Maria do Céu? Em tempos de verdadeira subalternização da mulher?
Da mulher e dos seus direitos enquanto esposa, filha, irmã e mãe. Trave-mestra e fiel-da-balança na família. Educadora dos filhos, obreira doméstica do lar. Trabalhadora que, no campo ou no monte, sempre ombreou com a robustez do homem. Cidadã por inteiro, que sempre o foi por merecimento....... »

                                                      ( Da Nota Introdutória)  
















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,                       AURORA SIMÕES DE MATOS, A “CANTORA DA BEIRA-PAIVA”

LANÇOU EM CASTRO DAIRE O SEU ÚLTIMO LIVRO

 " A SOBREVIVENTE "



E não seremos todos uma farripa da “Sobrevivente”? Há céu e Céu em nós.


Tarde quente de fim de verão. As lajes das penedias do Montemuro ainda refletiam o calor do astro-eterno. Os campos anseiam as primeiras suaves chuvas para voltarem a dar o pasto tenro aos animais. Cheirava a trovão e a uva, ouvia-se o murmúrio da água fresca que corre na Paiva, no seu trajeto buliçoso em direção ao Douro-pai. Cheira a festa, a recordação, a intensidade de sentimentos e nobreza de palavras.


É uma tarde para relembrarmos grandes mulheres do século XX: Marie Curie, Corazon Aquino, Evita Péron, Coco Chanel, Margaret Tatcher, Indira Ghandi, Natália Correia e…. Maria do Céu Trindade.


Esta última é uma desconhecida do público leitor, mas foi a mais importante na tarde do dia 13 de setembro. Graças à pena multifacetada da escritora Aurora Simões de Matos, Maria do Céu Trindade é a protagonista da biografia romanceada, logo mais verdadeira e humana, “A Sobrevivente- Direitos e Deveres da mulher rural no século XX”, que veio a lume (tarde quente esta, em terras castrenses), no Centro Cultural de Castro Daire com a presença do povo, dos familiares da protagonista e da autora, das entidades oficiais e das mulheres de várias gerações da beira-Paiva.


Quem foi Maria do Céu Trindade? Foi uma menina/mulher/heroína anónima e trabalhadora que nasceu e viveu na Quinta da Seara, um lugarejo do concelho de Castro Daire para os lados, mas ainda distante, de Vila Seca, da Ermida e de Pinheiro. A mãe, Emília, casa com João, deu à luz esta Céu que viveu desde 1902 (últimos anos do regime monárquico) até 2012 (ano de uma crise sem precedentes). Ti(a) Maria do Céu mal soube da Implantação da República, ouviu falar de Salazar, soube do 25 de abril e, com 100 anos, dançou numa discoteca. Resistiu à rubéola, à poliomielite, às gripes, às fomes e ao Vento de Cima. Venceu a solidão, resistiu aos amores, criou 5 filhos (os 4 irmãos e o pai) e teve um fim de vida feliz... Primeiro, a sua cabrita inseparável (meio gente, meio bicho) na Quinta da Seara. Depois, os amigos reconfortantes do Lar da Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire.


Não foi à escola mas sabia contar histórias, cantar melodias ancestrais e rezar orações sentidas como ninguém. Emocionava-se com as crianças que nasciam, com o ciclo das colheitas, com o marulhar do ribeiro da Seara. Mas chorava com a história daquela mãe que morria no parto quando nascia o seu 12º filho ou com aquele homem insensato que fugia para o Brasil deixando a sua desgraçada mulher com tantos filhos às costas. Entristeceu como nunca quando via morrer a sua “Quinta da Seara”, mas rejuvenesceu sempre que a urze lhe injetava essa seiva da vida chamada coragem.


Foi uma tarde de mulheres e de vozes de Minerva. Não esqueço o sorriso contagiante da Drª Conceição Barros, Provedora da Santa Casa da Misericórdia de Castro Daire, que lançou este desafio literário a Aurora Simões de Matos. E houve vozes a cantarem poemas, a beberem dos açudes da tarde: Fátima Matança com “Princesa da Serra”, Ana Cardoso com “Meu Paiva, rio de prata”, ambos poemas de Aurora Simões de Matos. Houve leitura clara, incisiva e verosímil de excertos de “A Sobrevivente”, por Isabel Matança. Houve teatro com excerto da mesma obra pelos atores da Associação “Flores da Aldeia” de Mosteirô, sob coordenação de Celeste Almeida. Houve coro da Santa Casa da Misericórdia e a presença de tantas sobreviventes, as velhinhas com os seus sorrisos meigos e sulcados pela vida dura que levaram.


Também houve Mesa de Honra: senhor vereador da cultura do município castrense, Dr. Rui Braguês; Drª Teresa Adão, da editora “Edições Esgotadas”; Drª Conceição Barros (já referida anteriormente) e o senhor Manuel Trindade, sobrinho da “Sobrevivente”.


A apresentação do livro foi feita, de forma invulgar e com a imponência da Serra do Montemuro e a frescura das águas da Paiva por… Aurora Simões de Matos. Momento inédito e de coragem.
 De facto, esta mulher é um espetáculo. Na vindima da escrita faz tudo… pesquisa, escreve, apaga, volta a escrever, põe os pontos nos is , elogia e critica. E Aurora Simões de Matos não esqueceu de agradecer aos amigos, aos colaboradores, à sua editora, ao povo castrense e duriense. Recordou com nobreza a alma do seu irmão, Jaime Gralheiro, homem do teatro e da cultura da Beira e de Portugal.
 Na apresentação estava a Aurora disfarçada de Céu… ou a Céu com a voz da Aurora. Autora e protagonista fazem parte desta ordem do universo chamada destino. As duas têm em comum a “sacralidade” da Natureza que se espraia da Arada ao Montemuro, dos ribeiros à Paiva, dos milhos aos moinhos, dos carreiros às ermidas.
Têm a diferença de Aurora ter ido à escola e ter tido três filhas lindas e dignas da herança paivense. Mas a força da sobrevivência, o amor à vida, a ruralidade de cariz universal, o aroma à urze e a frescura das levadas estão presentes no húmus da autora e da protagonista, fundindo-se nas “orações feitas de mágoa”, na obediência “aos senhores seus pais”, na beleza do vento nos salgueirais e no ideal inequívoco de que a família é o mais importante.
 Ambas sabem, à sua maneira, que o mundo é um local onde o que arde (sentimentos) cura as dificuldades e as agruras. Ambas sabem que viver é sorrir e chorar com amores e dores; viver é sentir as manhãs de orvalho e as tardes de estio, calorosas da vagem ao grão e fartas da sementeira à colheita.


António Martins


(Artigo para a Imprensa)












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Aurora Simões de Matos


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NOTA:

A  "  SOBREVIVENTE  " EM 2ª EDIÇÃO



UM AGRADECIMENTO  ÀS COMUNIDADES PORTUGUESAS NO ESTRANGEIRO QUE MUITO SE INTERESSARAM NA PROCURA DA OBRA E A ESGOTARAM A 1ª EDIÇÃO DE MIL EXEMPLARES, EM MENOS DE UMA SEMANA.

MUITO OBRIGADA !!!

                    Aurora Simões de Matos