quinta-feira, 31 de maio de 2012

VARANDAS FLORIDAS


Varandas floridas






Andam perfumes à solta
pelos ares da minha terra...

E visões silvestres de montanhas virgens
pedregulhos seculares batidos pelo sol
que acolhe a brisa balouçando os acres giestais
e o rosmaninho misturado ao alecrim
tojo amarelinho, sargaço e urze à espera
do tempo que se cumpre e abre a Primavera

Andam perfumes à solta
pelos ares da minha terra...

Arcas abertas de enxovais de linho
e cheiros macios a lençóis corados
em estendais no chão com amor regados
na santa frescura das águas da fonte
aromas a barrela, silvinha trepadeira
e ao tenro trevo que lhes borda a beira

Andam perfumes à solta
pelos ares da minha terra...

Rumores-cristal de ribeiros que cantam
a canção do moinho em segunda voz
à surda cantilena solta do canastro
na primeira voz silvada do vento
em louvores ao homem que ali traz seu pão
cantigas guardadas rente ao coração

Andam perfumes à solta
pelos ares da minha terra...

Aromas com cores de montes silvestres
jardins de aconchego, verdura de mimos
cheirinhos a fruta, a mel, a cravinas
aromas a água, a sol, a frescura
carinhos de orgulho nos ares lavados
em casas de xisto ou granito erguidas
frontes enfeitadas, varandas floridas

Varandas floridas por mãos solitárias
da pobre viúva que vive sozinha
da mãe saudosa que perdeu seu filho
da criança triste que já não tem pai
Mãos que padecem de sede e de fome
mãos perdidas na vida, que a vida consome
mãos que só na varanda repartem sua dor
com flores doutras mãos lembradas com amor

Varandas floridas por mãos companheiras
mãos soltas na terra revolvendo amor
varandas às cores de tanto aconchego
que lembram salas de visita onde repousam
espargos, sardinheiras, ervilhas de cheiro
dálias, rosas brancas, cedros pequeninos
florinhas de cera, cactos em vasinhos 





As gentes que passam ficam bem cheirosas
só de apreciar varandas vaidosas

Andam perfumes à solta
pelos ares da minha terra...




´                                                                      Aurora Simões de Matos 
                                                                       (Do site da Câmara Municipal de Castro Daire
                                                                                                 Concurso " Varandas floridas" -2012)


terça-feira, 29 de maio de 2012



Apresentação do Livro de Aurora Simões de Matos: Contos de Xisto

12-05-2012 15h Biblioteca Municipal Dom Miguel da Silva, Viseu
Breves palavras do Dr. Sérgio André Gomes sobre a Autora


Na beira-Paiva, por entre o xisto, vive um povo humilde, mas orgulhoso, habituado às agruras da vida, capaz tanto de sofrer como de celebrar… sem nunca baixar os braços.

Aqui nasceu Aurora Simões de Matos, para mim, a Professora Aurora.

Dona de uma experiência de vida fora do comum, é alguém que muito admiro, uma das pessoas mais fascinantes que conheço.

Para que me percebam, a Professora Aurora foi professora do meu pai, na aldeia onde nasceu e deu os primeiros passos na profissão de uma vida. E foi precisamente das palavras cheias de respeito, de carinho e admiração de meu pai que começou a crescer o meu fascínio. Agora que me é dada a oportunidade de conviver mais de perto com a Autora, mais me deixo arrebatar pela sua incrível personalidade.

Desde muito cedo, Aurora Simões de Matos começou a revelar uma invulgar capacidade de colocar em palavras escritas, que muito honram a nossa língua, o que lhe ia na alma. Deste exercício, já resultaram variadas obras em verso e em prosa que, tal como a que hoje se apresenta, podem até ser a sua forma de extravasar emoções, mas são sempre oportunidade de nos deleitarmos com a sua escrita e uma forma única de preservar no tempo as tradições e memórias de um povo. O povo que nunca a abandonou, que sempre cantou, em verso e em prosa, o que lhe granjeou o título de a Cantora da beira-Paiva.

Ao longo da sua vida passou por terras tão diferentes como Cinfães, Lamego, Porto, Viseu e por onde passou fez amizades, ganhou saberes, colecionou emoções. Sempre foi considerada uma pessoa de grande profissionalismo e competência, de coração grande, coragem extraordinária e doçura impagável.

É e foi uma pessoa muito ativa em prol da Educação e da Cultura, tendo estado ligada a uma série de projetos e iniciativas com objetivos muito nobres.

Agora, pelo meio da escrita, podemos também ouvi-la nesta nova aventura na Rádio Clube de Lamego, com o programa “Quando o Verso se Desfolha”.

Para mim, é sempre um orgulho e uma honra poder estar na sua presença e poder ouvi-la. Obrigado, por partilhar tanto connosco.


Apresentação do Livro "Contos de Xisto", na Biblioteca Municipal Dom Miguel da Silva, em Viseu

Por: Dra. Maria Irene Cardoso

Contos de xisto: aqui está o livro, na beleza expressiva da sua apresentação gráfica.

E começo com uma citação:
«Um dia, quis fazer um poema à beira do silêncio de um giestal em flor. Sentei-me aos pés do silêncio, escorreguei o corpo, devagarinho (…) sorvi com prazer o aroma da brisa que passava, sorri na plenitude daquele estado de graça.»(In Contos de xisto).

E é neste «estado de graça» que Aurora Simões de Matos depõe nas nossas mãos o seu novo livro.

«No tempo azul da minha terra, ouvi o cuco a querer dizer-me que o tempo verde estava aí, à espera das emoções de quem quisesse abraçar aquele mundo em festa, beijar aquele raio de sol fagueiro a querer inundar de vida cada ser, sorrir àquela esperança do amor a renovar-se.» (In Contos de xisto).
Nestas frases, em prosa poética, estão algumas das coordenadas desta obra: a sensação física vivida em plenitude e as emoções de um coração intenso, na vibração máxima e sagrada de um amor sem medida pela terra, a sua terra, a beira-Paiva, no concelho de Castro Daire. É Meã, a aldeia natal da distinta Autora, a terra que, nesta obra, vamos visitar. Mas somos convidados a visitar, também, a fiada de pérolas das aldeias circundantes de Meã, que bordam as margens das águas cristalinas, as mais cristalinas de todas as águas da velha Europa: o rio Paiva. “A Paiva”, como, carinhosa e familiarmente, os habitantes desta zona chamam ao rio que é seiva e alegria e vida da sua terra.
«No tempo azul da minha terra…»
Este possessivo com valor afectivo, bem como a notação cromática, o “azul”, a significar a plenitude, / o infinito, remetem-nos para uma totalidade. Uma totalidade anímica, física e transcendental, de que Aurora Simões de Matos é a voz, de que Aurora Simões de Matos é a alma, mas também o corpo e o húmus, numa identificação telúrica, que só tem paralelo em Miguel Torga: «Regresso às fragas de onde me roubaram/Ah! Minha serra, minha dura infância!» - diz o Poeta. Mas aqui, com Aurora Simões de Matos, na beira-Paiva, as “fragas” são xisto, a rocha metamórfica, laminada, geralmente escura ou mesmo negra, que tão bem conhecemos. É o xisto que serve de moldura, mas é também elemento constitutivo e suporte deste pequeno mundo serrano, que salta da vida para as páginas de um livro, pela pena «ágil e grácil» de uma filha da beira-Paiva.

Em Aurora Simões de Matos, nesta identificação com a terra e com a serra, encontramos uma espécie de “saudade”, a “saudade” um tanto à maneira de Teixeira de Pascoaes. A saber: «…o sincretismo sentimental entre dois contrários - a lembrança presa ao passado e a esperança projectada no futuro» - segundo Fernandes da Fonseca.
Efectivamente, em CONTOS DE XISTO, encontramos a memória ancestral de uma comunidade, nas suas diversas vertentes: no “modus vivendi” do quotidiano, marcado pelo ritmo do tempo. [...]

Contudo, nesta obra, encontramos também uma actualidade pujante, nas personagens mais jovens, com o seu modo de viver já modernizado por uma nova visão da vida, um novo modo de estar, e o recurso às novas tecnologias. É a esperança que abre caminho ao futuro…

A saudade! Ela encontra expressão ao longo de toda a obra. [...]
«Quanto ao poema que quis fazer, sentada aos pés do silêncio do giestal em flor, dele aqui fica um esboço. (…) Que o meu poema não é mais que uma saudade.»

E é na saudade, nascida do passado e do presente, por paradoxal que pareça, que Aurora Simões de Matos se exprime como a voz da terra e da gente da sua beira-Paiva.
Recordo, a propósito, as palavras de Manuel Alegre, num dos seus mais belos poemas:

«Canto as armas e os homens,
Porque a Tribo me disse:
tu guardarás o fogo.
E por armas me deu
o bronze das palavras.»
E permito-me parafrasear estes versos, em atenção à Autora de CONTOS DE XISTO:

«Canto a terra e a gente,
Porque a Tribo me disse:
Tu guardarás o fogo.
E por armas me deu
O ouro, o mel e o linho das palavras.»

Assim, investida da sua missão de «guardar o fogo», é com palavras “de ouro, de mel e de linho” que a voz de Aurora Simões de Matos se ergue, inebriada, para celebrar a Vida na sua beira-Paiva, com toda a riqueza da simplicidade e da ancestralidade que lhe são próprias.
«O ouro, o mel e o linho das palavras.»

O ouro, encontramo-lo na expressão viva concisa e precisa de muitas destas narrativas.

A linguagem é versátil, plástica, por vezes poética, sugestiva, apta a desposar a realidade no seu ritmo do quotidiano, do insólito, quando ele surge. [...]
Em “Luta de bois na feira do Fojo”, o leitor quase “assiste”, empolgado, à cena como realmente se passou. O vocabulário criteriosamente seleccionado e a feliz combinação das sonoridades, com vogais abertas e fechadas, alternando-se, as consoantes mudas e sonoras, as sibilantes e as líquidas, dão-nos a visão ampla e do combate esforçado entre os animais:
«A luta começa. O boi finca as patas no chão e, usando a força da sua corpulência, empurra o adversário com a testa. Chifres contra chifres, músculos retesados, baba a escorrer de raiva, olhos desvirados pelo cansaço (…). Bravura à flor da pele, num jogo de força e resistência.»
Em CONTOS DE XISTO, sentimos um mundo de aconchego e amor que nos lembra a doçura intensa e maviosa do mel, no dia-a-dia rural, percepcionado pelo olhar feminino de uma Pessoa com uma alma a transbordar de humanismo. «Sobre a nudez crua da Verdade, o véu diáfano da fantasia» - poderíamos dizer, citando Eça de Queirós. Contudo, em Aurora Simões de Matos, esse “véu de fantasia” não atraiçoa a realidade. Pelo contrário: dá-lhe outro relevo, apontando, sem enfadonhos moralismos, para a construção de um mundo melhor: com calor humano feito de solidariedade e de partilha. Com afectos. Sempre numa atitude de total respeito: pelos humanos, pelos animais, pela Natureza inteira. Há também uma atitude de respeito pela Transcendência, nas várias referências à religiosidade popular e ao modo como o Povo se relaciona com o Sagrado. A celebração jubilosa das festas de São Bartolomeu, de São Jerónimo, de São Macário ou de Santa Bárbara Virgem, ocupa, nesta obra, lugar de relevo. [...]

Tal como em Teixeira de Pascoaes, «a religiosidade e a Transcendência estão sempre presentes, como uma inerência ao sentido da vida», segundo Fernandes da Fonseca. Assim também nas narrativas de CONTOS DE XISTO: «Deus super omnia»; ou, por outras palavras, e usando o registo popular: «Deus é grande e está no mesmo sítio».

Finalmente, «o linho das palavras», na atitude de «…marcar (…) a diferença e a qualidade dos bens de cada família». Mas não só. A alvura esplendorosa, no esmero do trabalhado do linho, é simbólica da pureza e da inocência das gentes, dos ares lavados da serra, e das águas claras da Paiva. E passo a citar Aurora Simões de Matos:

«A toalha branca de linho corado, bordada a bainha aberta e debruada a bicos de renda, envaidecia o cabaz da merenda que, à cabeça das romeiras, assumia um dos mais fortes protagonismos da festa.»
«Porque a Tribo me disse
                                                                             Tu guardarás o fogo.»

Um dos maiores méritos da escrita de Aurora Simões de Matos é a missão de “guardar o fogo”: preservação de um mundo que está a acabar. [...] «Com ela acabaram os sons batidos do tear. Na Bouça, já não se fia, nem doba, nem urde, nem tece.» Fica «o carreiro (…) em direcção à fonte, a mesma fonte de sempre». Ficam as casas de xisto: molduras, agora mudas e vazias, de um bulício que era vida, que era gente,/ e gente de valor. [...]
Na louvável tentativa de preservar o passado, surgem-nos, em CONTOS DE XISTO, (como, aliás, já foi dito) os nomes de muitos utensílios do quotidiano. Desde os nomes relativos à arte da tecelagem (o tear, a dobadoira, a roca, o fuso, o caneleiro, o pente, a lançadeira…) até aos nomes de utensílios de alfaiataria, por exemplo. [...] Mas, singular, é a narrativa “Marcada pelo dia em que nasceu”. Aqui, aparece-nos, mesmo, “para memória futura”, um diálogo muito especial. Trata-se das palavras “ipsis verbis” de uma parteira de aldeia, sem preparação científica alguma – a mãe-velha, também chamada “comadre” noutras terras – no acto supremo do nascimento de uma criança – a Mindinha. O que aqui lemos é um conjunto de palavras e de frases de incitamento à parturiente… «tolhida de dores nas cruzes».
Em CONTOS DE XISTO, temos a beira-Paiva do Portugal de antanho. Como anjo tutelar, Aurora Simões de Matos guarda, preserva, esse “fogo” antigo, como outrora, na pré-História, em sociedades tribais, as mulheres guardavam o fogo do lar primitivo – a caverna. [...]

Nesta obra, a ficção pura cede quase sempre lugar à evocação de variadas acções que se enraízam no real, no quotidiano vivido na beira-Paiva. Os protagonistas, os “heróis” (como a Autora lhes chama), são pessoas reais, algumas já falecidas, outras ainda vivas. São estas pessoas que a Autora transforma em personagens de uma obra atenta à vida e às suas circunstâncias. Pelo prazer de criar mundos com palavras, pelo prazer de rever a sua terra natal, / pela necessidade de se rever a si mesma, numa catártica e muito pessoal identificação com as suas origens, com o seu torrão natal. Nas suas recordações, como filha que é dessa mesma terra, Aurora Simões de Matos acaba por cumprir um outro desígnio: o de dar a conhecer e preservar este mundo que, em muitos aspectos, está em risco de acabar.
Ocorre-me que José Saramago dizia que os seus livros deveriam ter, sempre, na capa, uma fita, avisando o leitor: «Atenção, este livro leva uma pessoa dentro.» E agora digo eu: atenção, CONTOS DE XISTO leva dentro uma comunidade inteira: o povo da beira-Paiva, das aldeias de Meã, Parada de Ester, Corgo de Água, Ilha, Sobrado, Laboncinho, Pena, Canelas, Fojo, Vila, Baldios, Fujaco… Uma comunidade inteira, nas pessoas das personagens ou actores,/ já que é em acção que os sentimos. A acção é, assim, cheia de movimento. Todos na luta pela vida. [...]

O narrador, a voz que fala, situa-se, quase sempre, fora da acção, como quem observa. Diríamos, academicamente, que de trata de um narrador heterodiegético. Mesmo na narrativa que tem como título “Marcada pelo dia em que nasceu” e cuja protagonista, na vida real, é a própria irmã da Autora aqui presente./ Mindinha é «…toda ela agitação e travessura…», nas palavras do texto, vivacidade e rebeldia, em consonância com a trovoada do dia em que nasceu, 22 de Maio, dia de Santa Rita de Cássia, advogada de todos os impossíveis, segundo a religiosidade popular. Estes elementos são, pois, já indícios da índole desta personagem, toda ela dinamismo e originalidade, capaz mesmo de atitudes insólitas, cheias de exuberância, mas onde avulta a sua inata «força de alegria» bem como a bondade manifestada na generosa partilha, sempre no sentido de construir a felicidade dos seus e (passo a citar): «…tentando fazer de cada instante um momento único de diversão.» Determinada e optimista, Mindinha tem como lema a sentença popular: «Candeia que vai à frente, alumia duas vezes…» [...]
A palavra “xisto” é recorrente. Aqui o xisto é a base, a terra, o chão, a realidade concreta, de onde parte a humanidade, e a espiritualidade alada das personagens/ que são gente de coração generoso e de alma aberta ao Infinito… [...]

Em “Aldeia da Pena, um mundo quase irreal” a própria linguagem se faz irreal em leveza, beleza, e propriedade: pela sua significação e sonoridades sugestivas.
«Subir ao São Macário é já uma festa. Descer aquela estrada estreita, de quase três quilómetros, em constante confronto com o abismo (…) para além de ser um acto de coragem em jogo de subtilezas (…) é também um percurso de migração em que a nossa identidade dá o salto para um mundo quase irreal.»

As mulheres da Pena – heroísmo no feminino” – este título remete para algumas narrativas em que se destacam as mulheres: pela sua tenacidade, trabalho intenso, capacidade de resiliência, de doçura e de imaginação criativa, no confronto com o quotidiano. É “o eterno feminino”, na construção do mundo, no acto continuado de tecer a paz, de tecer o aconchego familiar. Tal como outrora, Penélope, a grega, tecendo e desfazendo a sua teia, num ritual de silenciosa sabedoria, para manter, indefectível, a sagrada fidelidade a Ulisses, seu marido. [...]

Com “A casa assombrada” e “Bruxas e assombrações, temos o fantástico em CONTOS DE XISTO. Ele aí está pelas vozes das personagens “Ti Belmiro” e “Maria”, a parteira da aldeia de Meã, a mãe-velha, como é chamada.

Em ambas as narrativas nos aparece,/ nítida,/ a ambiguidade ou hesitação entre duas explicações: a racional e a meta-empírica (ou supra-real). [...]
Assim, no domínio do fantástico, produz-se um acontecimento que a razão não explica. O “mistério”, o inexplicável” o “inadmissível”, introduz-se na vida real, ou no mundo real - de acordo com as citações feitas. Em “A casa assombrada”, às certezas do “Ti Belmiro” opõe-se a dúvida, a vacilação de dois entrevistadores. É que o “Ti Belmiro” “viu”, ele afirma que “viu” o Diabo, o “Rabudo”, que esconjura com um “Abernúcia!” de arrepiada rejeição. Finalmente a ordem do mundo real sobrepõe-se quando se descobre que se trata apenas da cabra preta da Ti Zulmira a qual, numa atitude muito pragmática, completamente avessa ao fantástico, ou a qualquer outra especulação, pergunta aflitivamente:
-«E agora? Quem é que me vai pagar a minha cabra preta?»
Em “Bruxas assombrações”, a vacilação, a descrença do fantástico, por parte da Senhora Professora (personagem secundária, deuteragonista que se identifica com a Autora desta obra) não encontra eco na consciência da “Maria, a mãe-velha” que, invariável e peremptoriamente, responde:
- «Não senhora, aquilo era o Diabo!»

- «Não senhora, aquilo era uma alma penada!»
- «Não senhora, aquilo eram as bruxas!»

[...]

Da intimidade calorosa e pulcra de um conjunto de “aldeias de xisto” nasceu esta obra, que é um contributo notável para a cultura e para uma civilização que se quer repassada de humanismo, zelosa guardiã do passado. Esse passado que é berço do presente e que é imprescindível conhecer como matriz do futuro; esse passado que é alicerce, estruturante de um agir que será, sempre, no futuro, pautado pelos mais altos valores do Espírito, da Cultura e da Ética.

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Aurora