sábado, 2 de fevereiro de 2013



CHUVA MIUDINHA

POEMA





Era uma chuva miudinha
muito leve,
tão leve que não caía
em vez de cair, subia
e andava pelo ar,
com vontade de brincar.


Só que eu não queria,
nem sequer me apetecia
brincadeira
e fiquei a olhar a chuva,
à minha porta encostada,
de maneira
a não ser importunada.


Mas a chuva miudinha
entrou
pela minha porta dentro
sem cerimónia nenhuma,
brincando ao sabor do vento
e molhou
e molhou-me todo o rosto
e levou minha pintura
e desfez meu penteado
e me deixou tão sem jeito,
que me deu para pensar
como é
que uma chuvinha a brincar
pôde meu dia estragar...

         Aurora Simões de Matos



2 comentários:

Teresa Alves disse...

Ar, vento e chuva fresca, exalam poesia, e, amoroso, o poema é de uma serenidade contagiante, ainda que se diga estragado, ou passado do tempo.

Beijo Aurora!

raiz de xisto disse...

Beijo amigo,querida Teresa Alves,pela cortesia do seu comentário a um poeminha simples.

Por vezes apetece escrever momentos destes.O quotidiano tem sempre coisas tão belas ...

Grata,
Aurora