quinta-feira, 7 de dezembro de 2017

PORTUGAL RURAL ( 5 )

                                                             O CANASTRO

Foto de  Armando Jorge
Texto de Aurora Simões de Matos

                          BELO CANASTRO - CAPELA PEQUENINA

Plantada junto à eira, na colina
erguia-se a CAPELA PEQUENINA
bela, robusta, altiva, sobranceira
na sua postura e autenticidade
herdadas do tempo e da rusticidade
da terra-mãe
que lhe oferecera a força e o poder
arrancados à verdade do monte
O granito de seu pés fazendo ponte
e corpo lhe dera
arrancado à verdade do chão
o colmo corrido a cobrir-lhe o ser
e telhado  oferecera
de alma e coração

Belo canastro a relembrar farturas
Trabalhos e canseiras, as mais duras!

O ventre feito de vísceras douradas
na aridez do sol, na aridez do vento
que corria, livre, por suas janelas
à vontade do tempo
e lhe atravessava os ossos
lhe retesava as veias
na generosa intenção de oferecer
a dádiva do amadurecer
o pão, fruto de meses de canseira
do lavrador, até chegar à eira

Belo canastro a relembrar farturas
Trabalhos e canseiras, as mais duras!

Ainda hoje, singelo monumento
à ruralidade que é de todo o tempo
podemos vê-lo no seu lugar plantado
mesmo que das entranhas despojado
belo, humilde, saudoso, na colina
lembrando-nos CAPELA PEQUENINA

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