quinta-feira, 7 de novembro de 2013

OUTONO NO DOURO


OUTONO NO DOURO
Poema de Aurora Simões de Matos




Rio de ouro saudoso
Do outono nos vinhedos
São de fome e de fartura
Tua história e teus enredos

Rio de ouro onde correm
Saudades que ninguém mata
Levas mágoas e segredos
Nas tuas águas de prata

No meio da solidão
Tuas águas vão descendo
Como se o choro das vinhas
Para o mar fosse correndo






Rio azul cor de céu
Serpenteando entre vales
No teu fundo escondi eu
Meus sorrisos e meus males




Tuas uvas madurinhas
São teu sinal de riqueza
Que ostentas com despudor
Em quadros de louvor
À Rainha Natureza







Sempre que chega a vindima
Neste Douro Vinhateiro
As cantigas que são soltas 
Esquecem todas as voltas
Do sofrer do ano inteiro





Douro de fartos vinhedos
Onde o sol queimou a terra
Tens nesse perfume a mosto
Bênçãos que o teu chão encerra




Com retalhos de  mil cores
Entre soberbas paisagens
Encheste o olhar de Torga
De soberbas linguagens

Meu Douro segredo meu
Rio e Terra num abraço
Quando o céu mudou de cor
Meu Douro que um sonho ergueu
No misterioso enlaço
Do trabalho e do amor


***

         Poema de Aurora Simões de Matos

         (fotos da net, in Roteiro do Douro)

2 comentários:

Manuel Araújo da Cunha disse...

Muito belo o poema a decorar a região mais amorosa de Portugal. Percorre os vinhedos, navega no rio que é sangue nas veias da terra e dos homens e mulheres de cujo o centenar esforço, ajardinou canteiros com uvas, mosto e preciosos vinhos. O poema é a voz dos olhos de quem agarrado à terra contempla a outonal maravilha de cores. Que lindo!

raiz de xisto disse...

Palavras de quem ama o chão natal, berço sagrado onde vai buscar-se o aconchego de aromas, cores, gostos e sons que preenchem a emoção do artista. No Outono do Douro, a sensação cromática a espraiar-se em mares de Poesia.

Bem haja, Poeta Manuel Araújo da Cunha, pela voz dos olhos outonais que tão bem canta as maravilhas da sua terra.

Com o maior respeito e gratidão

Aurora Simões de Matos