segunda-feira, 12 de junho de 2017

GRANDE INTERVENÇÃO DO REV. P. DOUTOR JOÃO ANTÓNIO TEIXEIRA, REITOR DO SANTUÁRIO NOSSA SRA. DOS REMÉDIOS, NA " TERTÚLIA ARTES E LETRAS" DE 20/ 05/ 2017, NO MUSEU DIOCESANO DE LAMEGO

        TEMA DA TERTÚLIA:
"ARTE SACRA - AS VÁRIAS LINGUAGENS DE DEUS"

***
O musical sagrado e o sagrado musical


Padre Doutor João António Teixeira


1. A título de preâmbulo, gostaria de começar esta minha intervenção com uma (dupla) confissão: 1) sempre gostei muito de música, mas 2) nunca consegui tocar qualquer instrumento musical. Isto mostra, desde logo, que a vontade também tem os seus limites. E demonstra igualmente que até os ditos dos maiores sábios também contêm as suas falhas.

Penso, concretamente, na conhecida máxima de Albert Einstein: «Se podes imaginar, também podes conseguir». No meu caso, imaginei que conseguia, mas não consegui o que imaginei. Nos alvores da minha vida, imaginei que conseguiria tocar algum instrumento musical. Além de imaginar, tentei, insisti, só que não fui capaz de conseguir.


2. Não sendo pois um executante, tenho procurado ser um modesto apreciador e consumidor. Sem ser pretensioso, queria dizer-lhes — outra confissão — que comigo viaja sempre alguma composição de Bach. As suas peças servem não só de fruição, mas também — e sobretudo — de meditação. A sua sonoridade liberta-nos até quando mais nos prende.

Não é por acaso que Bach é apontado como uma espécie de «quinto evangelista», tal é a fundura teológica e a densidade espiritual da sua obra. Daí que não falte quem subtilmente observe que o apelido está desajustado à pessoa. Bach, em alemão, significa «ribeiro», quando o caudal da sua obra é torrencialmente oceânico.



3. Significativamente, Bach colocava no cimo das suas composições a sigla «J.J.», que era uma súplica: «Jesu, juva», isto é, «Jesus, ajuda-me!»[1]. E terminava as suas peças com outra sigla: «S.D.G.», que indica «Soli Deo Gloria». A sua obra foi sempre uma interacção fecunda entre a fé e a música. A música era a sua forma de viver a fé. Não admira, então, que Emil Cioran tenha notado que, «quando escutamos Bach, vemos nascer Deus. Depois de uma oratória, uma cantata ou uma Paixão, Deus tem de existir. E pensar que tantos teólogos e filósofos desperdiçaram noites e dias a procurar provas da existência de Deus, esquecendo a única!»

É claro que a música não é a única prova de que Deus existe, mas o certo é que, pela música, foram muitos os que chegaram a Deus. Basta olhar para o caso do filósofo espanhol Manuel Garcia Morente, activista republicano e anticlerical ao tempo da Guerra Civil de 1936 a 1939. Não foi nenhum intelectual católico que o convenceu; foi a música que o converteu. Ele próprio confessa que o momento decisivo para a sua conversão foi a escuta de «L’enfance de Jésus», de Hector Berlioz.



[1] Com luminosa simplicidade, o compositor Joseph Haydn confessava: «Quando estou a compor uma obra e sinto que me foge a inspiração, peço no Terço e rezo-o. Logo me vêm à mente as melodias em caudais e, por vezes, com tanta abundância que nem tenho possibilidade de as notar»!








4. De tudo isto podemos depreender que a música, em si mesma, contém uma sacralidade congénita. E esta sacralidade não se manifesta apenas quando a música fala de Deus. Além do divino, há, segundo os estudiosos, três fontes de inspiração para a música: o amor, a dor e a alegria. Alguém negará que o amor é sagrado, que a dor é sagrada e que a alegria é sagrada? E alguém contestará que a experiência de Deus ocorre especialmente na experiência do amor, na experiência da dor e na experiência da alegria?

Por outro lado, a música especificamente sacra, ao invocar Deus, invoca-O, quase sempre, em ligação com a dor, com o amor ou com a alegria. Compreende-se, assim, que a música sacra seja omni-abrangente, de pendor panenteísta (não panteísta). Ou seja, a música mostra como Deus toca em tudo e como tudo (nos) leva a tocar em Deus. A esta luz, percebe-se também que a música sacra esteja presente muito para lá do espaço sagrado. Dou um exemplo, de todos bem conhecido. O hino oficial da Liga dos Campeões é a adaptação — feita por Tony Britten, em 1992 — de um belíssimo exemplar da música sacra. Trata-se do hino «Sadoc, o sacerdote», composto por um alemão (Handel) para a coroação de um rei inglês (Jorge II) a 11 de Outubro de 1727. A letra inspira-se na passagem do Primeiro Livro dos Reis 1, 38-40, sobre a unção do Rei Salomão. Foi David que designou Sadoc para ungir Salomão[1].



5. Esta presença da música sacra para lá do espaço estritamente sagrado tem outras expressões sintomáticas. Numa altura em que nas igrejas predomina uma música sacra ligeira, um dos maiores redutos da música sacra profunda acaba por ser o espaço público. De facto, se quisermos ouvir música sacra de qualidade, temos de nos deslocar à Casa da Música, ao Centro Cultural de Belém. Ou, então, temos de sintonizar a RTP2 ou a Antena 2. Às vezes, chego a pensar que emissora católica é a Antena 2, tal é a quantidade de música sacra que (felizmente) emite. Curiosamente, nas igrejas a música sacra profunda é mais oferecida em concertos do que na liturgia.

Esta verificação não envolve qualquer desprimor pela música sacra mais ligeira, que actualmente é costume ouvir nas celebrações. O conteúdo sacro mantém-se nas letras, embora o ritmo não seja muito diferente do que se ouve nos espectáculos de diversão. Não há dúvida de que esta música sacra ligeira tenta favorecer a prossecução de dois objectivos estimáveis: a adaptação ao nosso tempo e a participação da assembleia. No fundo, há uma certa complementaridade. A música sacra ligeira procura agradar às pessoas com o desejo de as atrair para Deus. Já a música sacra profunda procura louvar a Deus com o propósito de O levar às pessoas. Sucede que, para nosso espanto, as igrejas estavam mais cheias quando a música que nelas predominava não estava centrada naqueles que as frequentavam. As pessoas podiam não entender o que escutavam, mas acabavam por se deixar conduzir pelo que ouviam.



6. Acresce que, na música sacra profunda, a dimensão sacra não está só nas letras, que muitos nem sequer conseguem compreender. Estende-se, desde logo, à melodia, à cadência, ao aprumo. Mais do que adaptar a mensagem às pessoas, a música sacra profunda procura cativar as pessoas para a mensagem. Em tal música ressoa, mais do que a perícia, a espiritualidade. A música sacra profunda não vem de fora para dentro, mas de dentro para fora.

Enquanto a música sacra ligeira sabe muito ao tempo em que vivemos, a música sacra profunda faz-nos saborear sobretudo a eternidade que somos chamados a viver. A música sacra ligeira estimula mais a intervenção do que a meditação. Com a sobreposição do ritmo em relação à melodia, a tendência, sem darmos por isso, é mais para mexer o corpo do que para mover a alma. A pergunta que surge não pode ser senão esta: se nos centramos demasiado em nós, que condições criamos para a abertura, para a mudança, para o crescimento e para a superação?



7. O certo é que, de uma forma mais profunda ou de um modo mais ligeiro, a sacralidade da música continua bem presente na nossa vida. E, depois de uma fase propensa à desconstrução de tudo o que vinha do passado, parece que entramos numa época mais receptiva à reconstrução de tudo o que é perene. E o perene, embora datado, não vale só para um tempo; é válido para todo o tempo. O perene não perde actualidade. As grandes composições de música sacra continuam a ser bastante apreciadas, mesmo que nem sempre sejam muito reproduzidas. De resto, não foi a outra música que serviu de base à música sacra; como está documentado, foi a música sacra que deu origem a muita da outra música. Por algum motivo, a palavra «cultura» provém da mesma raiz da palavra «culto». Ambas significam «cultivar», concretamente, «cultivar o espírito». E, como sabemos, o «culto» foi, ao longo dos séculos, um dos principais «produtores» de cultura.

Queria ressalvar que, dentro da música sacra profunda, não incluo apenas a música erudita; incluo também a música mais simples. Também na música, a simplicidade está cheia de profundidade. Como não valorizar o chamado «cantochão», que significa precisamente «canto simples»? No cantochão cabem o canto moçárabe, o canto ambrosiano e sobretudo o gregoriano. De uma forma despojada, a mesma melodia é aplicada a vários textos, entoados, em alternância, por um solista e por uma assembleia.



8. É no âmbito desta música sacra simples que emerge a música sacra popular, pela qual a alma do povo se vai elevando até Deus. De facto, não deixa de ser espantoso que, apesar da extensa produção musical à volta de Fátima, a composição mais famosa e identificadora do Santuário continue a ser o «Treze de Maio». E, na verdade, o segredo da fama — e da beleza — deste cântico está, sem dúvida, na sua sublime simplicidade. O sortilégio do «Treze de Maio» é que leva imediatamente o povo até Fátima e traz instantaneamente Fátima até ao povo.

É com o «Treze de Maio» que o povo se move até Fátima e se comove com Fátima. E não se pense que esta simplicidade foi espontânea. Diria que o «Treze de Maio» nasceu de uma simplicidade intencional, procurada. As pessoas que o fizeram nascer eram bastante dotadas. A letra é do célebre poeta Afonso Lopes Vieira, que a assinou como um servita, e a música é de um sacerdote redentorista, o Padre José Maria Gonçalves. A primeira partitura mostra que se trata de uma composição para órgão e (apenas) uma voz. As harmonizações que lhe foram introduzidas são muito posteriores.



9. Na sua expressão vocal ou instrumental, a música está indelevelmente ligada à vivência da fé. Dá-lhe mesmo um acréscimo de beleza e um suplemento de encanto. Não foi em vão que Santo Agostinho terá afirmado que «quem bem canta duas vezes reza». Aliás, é curioso notar que até o nome do local onde vive o Papa remete para a música. Com efeito e segundo alguns estudiosos, entre as possíveis origens etimológicas de «Vaticano», encontramos «vate»+«cano», ou seja, «canto» do «vate», do «adivinho» ou do «poeta».

Aliás, esta breve incursão pela etimologia permitir-nos-á alargar a vinculação congénita que existe entre a música e o divino. Há quem diga que, etimologicamente, a palavra «música» vem de «musa». Como sabemos, na mitologia grega, as musas eram as deusas da arte e da ciência. Filhas de Zeus (rei dos deuses) e de Mnemosine (deusa da memória), habituaram-se a cantar em coro. E, de facto, são muitas as alusões ao Céu como um coro ou um conjunto de coros. Há quem colija nada menos do que nove coros celestes: anjos, arcanjos, principados, potestades, virtudes, dominações, tronos, querubins e serafins.



10. Se é certo que o sagrado está presente na música, também é verdade que a música não está ausente do sagrado. A apresentação mais sublime do sagrado costuma ser feita de forma musical. De resto, na imaginativa leitura que Elie Wiesel faz da visão que o patriarca Jacob teve em Betel, a escada que ligava a Terra e o Céu (Gén 28, 12) nunca foi retirada. Essa escada tornou-se escala. Trata-se de uma escala musical cujas notas permitem a Deus descer à Terra para nos falar e permitem-nos a nós subir ao Céu para O alcançar. É certamente de uma forma musical que, segundo o Livro dos Salmos, «os Céus proclamam a glória de Deus» (Sal 19, 1). É igualmente em forma de cântico que, para Isaías, os coros celestiais, clamam «Santo, Santo, Santo, Senhor Deus do Universo» (Is 6, 3). Aliás, os quatro seres vivos com seis asas, referidos no Apocalipse, cantam o mesmo, de dia e de noite (cf. Ap 4, 8). Não espanta, por isso, que a iconografia represente frequentemente os anjos formando um coro — ou uma orquestra — tocando instrumentos musicais. Para muitos artistas, os anjos são músicos instrumentistas, aparecendo a tocar viola, trompete, alaúde ou harpa.

O Céu é, ele próprio, descrito frequentemente como uma orquestra ou um conjunto de coros. No primeiro dos sete cânticos do Apocalipse, são muitos os anjos, que juntamente com quatro seres vivos e 24 anciãos, cantam continuamente diante do trono do Cordeiro (cf. Ap 4, 8-11; 5, 8-10). Curiosamente, aqui bem perto de nós, o tecto do Santuário de Nossa Senhora dos Remédios, que pretende figurar o Céu (como se vê pelo tom azulado), apresenta dois conjuntos de instrumentos musicais. Ou seja, para o autor, Bártolo Pires Zineu, o Céu é uma orquestra que entoa louvores a Deus e à Virgem Maria.



11. Se repararmos bem, a própria criação do mundo é contada como um acontecimento sonoro e, nessa medida, habitado por uma subtil musicalidade. O Génesis introduz cada acto criador pela fórmula «Deus disse» (cf. Gén 1, 3). E o prólogo do Evangelho de São João assinala que, no princípio, tudo foi feito pela Palavra (cf. Jo 1, 3).  Enquanto o Criador coloca os fundamentos do cosmos, «as estrelas da manhã cantam em coro e todos os filhos de Deus [isto é, os anjos] louvam, a grande voz, a Sua glória» (cf. Jb 38, 6-7). É por isso que, como nota Gianfranco Ravasi, a criação é concebida como uma espécie de uma música que está ininterruptamente disponível à escuta humana.

A música, para a Bíblia, perpassa toda a história humana, ressaltando-lhe os traços divinos. Pensemos, por exemplo, no hino de Moisés e do povo durante a travessia do Mar Vermelho (cf. Êx 15, 1-21) ou no cântico final do Livro de Judite (capítulo 15), ambos acompanhados com instrumentos musicais.



12. E que dizer do Livro dos Salmos? Os 150 Salmos, no fundo, são 150 cânticos. Aliás, a palavra «Salmo» vem do grego «Psalmós», que deriva do verbo «Psállein», que significa «tocar um instrumento de corda», nomeadamente a harpa e a cítara. Ele traduz o hebraico «mizmôr» (que aparece como título de um Salmo por 57 vezes) e que designa um cântico acompanhado por instrumentos de cordas. O conjunto dos Salmos é, desde o século VI, denominado «Saltério», termo que também indica um instrumento de música.

Importará ter presente que é dos Salmos que nos vem o Aleluia, um cântico de louvor a Deus. E é por isso que, como preceituam as normas (cf. IGMR 63), se o Aleluia não for cantado, é melhor ser omitido. O Aleluia nasceu para ser cantado. Ele deriva do «Hallel» ou «Hillel», cujo início se encontra nos Salmos 113 a 118. Eram cantados nas grandes festas judaicas, mormente na Páscoa. Como nos diz São Mateus, Jesus também os cantou no fim da Última Ceia (cf. Mt 26, 30)[2].



13. Quando Jesus nasceu, o Evangelho assinala que uma «multidão do exército celeste» (Lc 2, 13) apareceu aos pastores, dizendo, certamente em coro: «Glória a Deus nas alturas e paz na terra aos homens por Ele amados» (Lc 2, 14). Segundo muitas figurações artísticas, os anjos tocam no nascimento de Jesus, muitas vezes sentados aos pés da Virgem Maria. Os anjos, com asas, formam pequenas orquestras ou um pequeno coro.

O apelo do salmista — «cantai hinos com arte» (Sal 47, 8 — foi acolhido pelo Cristianismo desde os começos. Basta pensar no «Magnificat», cantado por Maria (cf. Lc 1, 46-55), e no «Benedictus», entoado por Zacarias (cf. Lc 1, 68-79). Não espanta, pois, que São Paulo exorte os cristãos para que cantem a Deus com salmos, hinos e cânticos inspirados (cf. Col 3, 16-17; cf. Ef 5, 18-19). Mas os cristãos não se ficaram por aqui. A convocação dos crentes para os actos litúrgicos era feita através de um sinal a que chamaram sino (que significa «sinal»). Para alguns peritos de «marketing», esta é uma estratégia muito inspiradora. Alexis Periscinoto assinala que «a primeira ferramenta de “marketing” foi o sino. Quando ele tocava, não só atingia 90% dos habitantes de uma cidade, mas mudava o seu comportamento pessoal». O sino era visto como um sinal divino. Funcionava como uma convocação para a oração. Criava um clima diferente, fomentando a união de toda a gente.



14. Tudo isto mostra como, no fundo, Deus é música. Deus é harmonia. Deus é a conjugação cadenciada entre a diferença e a unidade. Há uma subtil musicalidade no mistério da Trindade. As pessoas divinas são como diferentes notas que compõem uma mesma melodia. Elas formam uma polifonia que nos visita em permanente sinfonia. Se, como disse Aristóteles, «a música é o princípio de todos os encantos da vida», podemos inferir que a musicalidade divina há-de ser a pauta para todos os passos da nossa existência. Cada passo humano é um com-passo divino. O compasso de Deus connosco é sempre um compasso ternário, executado de um modo sempre extraordinário. Deus ama-nos desde antes do tempo, acompanha-nos em todo o tempo e acolhe-nos para lá do próprio tempo.

Na experiência de Deus está o ápice da harmonia e o segredo da autêntica alegria. É por isso que todo o músico acaba por ser um teólogo e é por isso que há muitos teólogos que também são músicos. Basta pensar no Papa Bento XVI, pianista de reconhecidos méritos, a quem alguns chamavam o «Mozart da Teologia». É que na música resplandece, além da verdade sobre Deus, a bondade de Deus e a beleza que é Deus. O então cardeal Joseph Ratzinger achava até que a beleza de Deus sobressai mais nas músicas de Bach e de Mozart do que em muitas homilias. Mas a música não pertence só à estética; também inspira a ética. É que a prece dos lábios só faz sentido se for acompanhada com a coerência da vida. A este respeito, é espantosa a advertência de Cassiodoro, no século IV: «Se continuarmos a cometer injustiça, Deus deixar-nos-á sem música». Isto significa que o pior castigo para o pior pecado é ficarmos privados de música. Ou seja, é ficarmos privados da harmonia de uma existência onde todos são necessários e cada um é irrepetível. Na «pauta» da vida, Deus é o «sol maior» que não deixa ninguém na obscuridade. É pela solidariedade que maior tributo prestaremos à divindade!



Lamego, 20 de Maio de 2017
               P. João António Teixeira


[1] Já agora, será interessante notar que Sadoc é nome de sete personalidades bíblicas, uma das quais é referida por São Mateus como antepassado de Jesus (cf. Mt 1, 14).

[2] Os Salmos do Hallel dividem-se em: «pequeno Hallell» (Salmos 113-118), «grande Hallel» (Salmo 135) e «Hallel final» (Salmo 150).

***********************

***********

https://youtu.be/toBZLOQULfU

************



Sem comentários: