Ao humilde PEGUREIRO,
romântico ex-líbris da minha infância
romântico ex-líbris da minha infância
Dá-me teus vãos pensamentos
sem destino, vagabundos
e dá-me o silvo dos ventos
e a sombra dos vales profundos
Virgílio, pastor de rebanhos ( foto da Revista Visão - 2012 )
Dá-me a água do cantil
que trazes a tiracolo
Dá-me a bucha do bornal
e não me leves a mal
que te peça para mim
o burel e o cotim
desse modo de vestir
com que passeias o monte
por longos dias sem fim
Dá-me a flauta de cana
e a música com que enfeitas
as horas mortas que deitas
nesse chão que não te engana
Dá-me o sol e dá-me a chuva
do tempo agreste em teu rosto
dá-me manhãs de fescura
e trindades ao sol posto
Dá-me teus vãos pensamentos
sem destino, vagabundos
e dá-me o silvo dos ventos
e a sombra dos vales profundos
Dá-me o teu tempo sem fim
que o quero para mim
e se puderes, dá-me os mundos
que trazes nos sentimentos
Dá-me tudo o que te peço
e mesmo o que te não peço
mas ainda pra dar tens
quando vais e quando vens
por todos esses caminhos
de lendários carreirinhos
que se perdem na memória
e a serra esconde em seu rosto
e tu percorres por gosto
dessa vida re...pe...ti...da...
de gestos gastos, sem história.
Aurora Simões de Matos
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Do outro lado da Paiva, a bela serra da Arada
A partir de Parada, vista sobre a serra do Montemuro, confundindo-se com a serra da Freita
No sopé sul do Montemuro, a lindíssima aldeia de Meã, estendida à beira-Paiva
Aldeia de Meã, rodeada de verdes pinheirais, que tiraram o lugar à vegetação rasteira que, durante séculos, sustentou a "vigia" ( rebanho de cabras e ovelhas, guardadas pelo "pegureiro", em regime comunitário de partilha)
O saudoso Ti Zé da Virgínia, exímio tocador de flauta falecido há pouco, aprendeu a tocar sozinho,
com uma flauta de cana feita por si. Talvez nos montes da sua terra...
Paz à sua alma!
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Cantil de cabaça, para transporte de bebidas
Aurora Simões de Matos
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