Gabriel e Malhadinho
(Texto de Aurora Simões de Matos
Fotos de Armando Jorge)
Tão pequeno e indefeso
nasceu no monte
à sombra duma giesta em flor
amparado pelo pegureiro
com mãos calejadas só de amor
Nasceu da "Malhada"
que, balindo, toda dor
confiou sem reservas o seu filho
ao generoso pegureiro
de mãos calejadas só de amor
Um tufo de fentos e erva seca
ao lado duma torga abandonada
foi seu primeiro ninho de calor
no aconchego da primeira mamada
E quando ao fim da tarde conheceu
os caminhos que iam dar ao lar
sentiu o abraço enternecedor
que o levava ao peito
muito ao jeito
com mãos calejadas só de amor
Cresceu o «Malhadinho»
Já sabe andar sozinho
e não precisa da ajuda de ninguém
nem mesmo do úbere de sua mãe
Mas, quando calha, dia madrugado
a vez de abrir a porta ao gado
a vez de fazer sua vigia
ao amigo pegureiro
de mãos calejadas só de amor
há sempre um olhar terno de alegria
e um balido de bom entendedor.
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