terça-feira, 27 de dezembro de 2016

NATAL SOLIDÁRIO NO LAR NOSSA SENHORA DO ROSÁRIO, EM PARADA DE ESTER


~~~ O MEU NATAL SOLIDÁRIO 
NUMA TARDE DE MEMÓRIAS  -  21/ 12/ 2016 ~~~



Ontem, todos os meus caminhos foram dar ao Lar Nossa Senhora do Rosário, de Parada de Ester, meu chão natal.
Ali vivi e revivi momentos de uma riqueza ímpar. Encontrei rostos cansados da vida, corpos doentes e mentes confusas no baralho das emoções. Um dia, conheci-os a quase todos, privei com a maioria. Eram gente de trabalho e de afectos, que a idade rompeu ao sabor das intempéries do tempo.

Ali estava o Alberto. Com ele vivi uma história de infância, que retratei num dos meus livros.
Um dia, a professora D. Hermengarda ordenou-me que lhe desse umas tantas palmatoadas, nas mãos enregeladas de frio. Porque eu, na primeira classe, soube a tabuada que ele errara, frequentando a terceira. Cá fora, no fim da aula, o Alberto deu-me uma tareia valente. Não pelo número de reguadas, mas pela força com que lhas acertei.
O caso daria para rir. Mas de novo o Alberto, indefeso pela doença, estava ali, à minha frente, sem reagir. Sem mesmo sequer me reconhecer.

                                                                        

                                                      O Alberto não me reconheceu

O Carinho, ao toque de um abraço

Partilha de memórias e saudades





Grande lição fui ontem aprender ao Lar Nossa Senhora do Rosário. É que as forças e as fraquezas de cada um estão sempre sujeitas à vulnerabilidade dos acasos da vida.
Grata a todos quantos proporcionaram este reencontro com tantos amigos que a sorte e o azar distorceram, ao arrepio de sonhos que se finaram. Senti-me verdadeiramente privilegiada, por estar lúcida e sem dores físicas. Que as dores da alma, essas aumentaram, em cada abraço que dei, em cada beijo que recebi, em cada saudade que guardarei no cantinho mais íntimo do coração.
Obrigada, Nossa Senhora do Rosário!






Obrigada ao Lar Nossa Senhora do Rosário! Pelo convite, pelo modo gentil como ali sempre me tratam, Obrigada por todas as manifestações de carinho partilhadas.

Um bem haja especial à dra. Ana Andrade, que organizou e dinamizou este encontro, com reconhecido profissionalismo.

De bom grado, voltarei sempre que me chamem. 



                                                                 Aurora Simões de Matos



1 comentário:

Anónimo disse...

Prof. Aurora Simões: Cumprimentos. Tive conhecimento da sua passagem pelo Lar de Parada, mas só hoje tive acesso a este seu excelente trabalho pelo qual a felicito. Para complementar o seu trabalho, faço-lhe um resumo dos primeiros 12 anos de resiliência dos seus concidadãos que geriram as entidades da Freguesia (Junta de Freguesia e Casa do Povo) que nunca desistiram de criar condições para apoiar as pessoas mais dependentes da nossa terra. Tudo começou em 2001 com a criação do apoio domiciliário a idosos, embrião da criação pela Segurança Social da valência de Lar de Idosos em 04/09/2007, depois de um persistente trabalho junto de diversas entidades concelhias (CLAS, Câmara e Assembleia Municipal) e distritais(Governo Civil e Segurança Social). De imediato se iniciaram em 2008/2009 o 1º movimento de terras para facilitar a elaboração e aprovação do projeto e posterior aprovação da candidatura POPH a fundos comunitários em 20/12/2010, num investimento previsto de cerca de 1 milhão e 400 mil euros. Em 15/10/2011 os 3 órgãos dirigentes da Casa do Povo aprovaram o Plano de investimentos para a construção do Lar: 2012 = 865.692,00€; 2013 = 533.686,65€. Em 30/10/2011 a assinatura do contrato adjudicação da obra. Em 04/12/2011 teve lugar a cerimónia da BÊNÇÃO DA 1ª PEDRA quando já estava executada a 1ª fase da preparação do terreno - o movimento de terras -. Tive a honra de liderar todo este processo - entre 2001 e 2012 - com a colaboração de centenas de filhos da Freguesia de Parada, sem os quais eu nada conseguiria fazer. Houve 2 momentos que me deram mais força para não desistir: CRIAR O APOIO DOMICILIÁRIO quando vi a situação deprimente em que vivia um ser humano bom na sua habitação onde chovia, habitação que nós reparamos. CONSTRUÇÃO DO LAR quando visitei dois filhos de Parada em lares bem longe e os vi não segurar lágrimas. Em 2012, devido a algum cansaço e principalmente porque senti que a minha presença na presidência da Casa do Povo poderia condicionar o apoio do Presidente da Câmara Municipal (por meras divergências político-partidárias) propus a antecipação do ato eleitoral e fiquei tranquilo por ver que a Casa do Povo e a construção da obra por que mais lutei estavam entregues em boas mãos - no jovem Nuno Crescêncio -. Esclareço que só apresentei a minha demissão depois de ter a garantia - do Sr. Presidente da Junta de Freguesia, o meu bom amigo António Manuel Almeida Monteiro e do Rev. Padre Tiago - de que se empenhariam para que este desígnio da construção do Lar fosse atingido. Professora Aurora Simões: Grato, renovo os meus cumprimentos, felicitando-a pelo trabalho que faz para divulgar a história da nossa terra e das suas bravas gentes.