domingo, 4 de dezembro de 2016

O TEMPO ENVELHECIDO DOS HOMENS

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NAS  RUGAS  DO  TEMPO  A  PRETO  E  BRANCO






A natureza recolheu, nos montes, os seus enfeites de cor, para cobrir-se com o manto frio que enregela os ossos e a alma, até ao mais fundo das entranhas da terra.
E nas rugas do tempo envelhecido pelo inverno, há corpos que se ressentem ao sopro gelado que corta a pele em lancinantes profundidades.
É o passar impiedoso dos codos e cieiros da vida, que mata todos os sonhos já desamarrados de qualquer canção.




Como se, ao perderem o refrão da existência, nas curvas apertadas de tão longos e difíceis caminhares, a erosão não lhes deixasse outra música, senão a triste balada de um choro carregado de memórias.
A dormência da natureza nem sempre ressuscita na natureza das gentes.



                                                                          * Aurora Simões de Matos

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