sexta-feira, 8 de junho de 2012

Apresento-vos a minha terra de xisto:
Meã, à beira-Paiva, freguesia de Parada de Ester, concelho de Castro Daire


Sinto saudades de ti
ó linda aldeia serrana
onde passeei meus sonhos
a meia-encosta do rio
Parada de Ester e Meã, estendidas na falda do Montemuro


Meã - Panorâmica do Povo de Cima


Meã - Panorâmica do Povo de Baixo, onde nasci


       Terra amiga
Puros são os ares e puras são as gentes
e a água cristalina que brota do teu ventre,
Terra amiga…
Há tanto tempo te conheço assim,
presépio do meu imaginário
tornado intemporal…
É o mesmo cheiro a urze e a giesta,
a mesma a carqueja da Portela
e o som dos grilos,
ensaiando a mesma serenata.
A fonte lá está ainda,
perpetuando o murmúrio da frescura
e a canção que embalou as gerações
com amores telúricos
que as tuas entranhas
não se cansam de ofertar…
Generosa és, terra abençoada por Deus!
O espírito das coisas paira
nos teus perfumes e sonoridades,
na luz que torna mais lindas tuas cores,
no borbulhar da vida simples
que a Natureza te reserva.
Ouve meu pedido, terra amiga:
- Não deixes que adulterem tua essência
com brilhos duvidosos…
Não deixes que te disfarcem
com vestes
de estilistas que não te conhecem as medidas
nem sabem que há fibras e texturas
que não combinam com a cor do teu cabelo negro
nem com a transparência dos teus olhos verdes…
Não deixes que a erosão do artifício
violente a virgindade das tuas pedras…
Ouve meu pedido, terra amiga:
- Conserva a simplicidade
e a pureza dos teus dons
que procuro e encontro sempre,
quando estou cansada
da busca inglória da autenticidade,
em lonjuras onde a erosão do artifício
violentou a virgindade das coisas todas!

Aurora Simões de Matos
Do livro Imagens da beira-Paiva  (2010)

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