quinta-feira, 25 de abril de 2013

DIA DE VESSADA


DIA DE VESSADA







Chega o calor,é tempo de vessada
Dias de alegria e muitas canseiras
Vai o mata-bicho...rompe a madrugada
A festa começa em todas as leiras.

Vão junguir-se as vacas,fieis ajudantes
Não chega uma junta,vem a do vizinho
A Loira,a Pintada e duas Galantes
Fartura ao jantar onde escorre o vinho.

Arado e charrua dormiram na sorte
Com a grade,enxadas,forquilhas,ancinhos
Carro carregado de estrume da corte
Geme em chiadeira,acordam caminhos.

O campo é rasgado por ferro afiado
Que os homens conduzem e as ervas derrubam
As mulheres atrás do labor do arado
Ajeitam os sulcos,enterram,adubam.




A terra está pronta para a sementeira
Do milho,nabiça,botelha,feijão
Cada rego aberto leva uma fieira
O fueiro ajuda o trabalho à mão.

E o cheiro fresco que exala da terra
Adivinha já mil outros labores
Que toda a labuta pela vida encerra
Que hão-de ser canseiras,que hão-de ser louvores.

Já lá vem a noite,é o regresso ao lar
Sacodem-se os pés da terra lavrada
Trabalho acabado...um último olhar
Dia de canseira,dia de vessada...


                                                      Aurora Simões de Matos

Nota: Texto com uso de regionalismos da beira-Paiva





Sem comentários: