DIA DE VESSADA
Chega o calor,é tempo de vessada
Dias de alegria e muitas canseiras
Vai o mata-bicho...rompe a madrugada
A festa começa em todas as leiras.
Vão junguir-se as vacas,fieis ajudantes
Não chega uma junta,vem a do vizinho
A Loira,a Pintada e duas Galantes
Fartura ao jantar onde escorre o vinho.
Arado e charrua dormiram na sorte
Com a grade,enxadas,forquilhas,ancinhos
Carro carregado de estrume da corte
Geme em chiadeira,acordam caminhos.
O campo é rasgado por ferro afiado
Que os homens conduzem e as ervas derrubam
As mulheres atrás do labor do arado
Ajeitam os sulcos,enterram,adubam.
A terra está pronta para a sementeira
Do milho,nabiça,botelha,feijão
Cada rego aberto leva uma fieira
O fueiro ajuda o trabalho à mão.
E o cheiro fresco que exala da terra
Adivinha já mil outros labores
Que toda a labuta pela vida encerra
Que hão-de ser canseiras,que hão-de ser louvores.
Já lá vem a noite,é o regresso ao lar
Sacodem-se os pés da terra lavrada
Trabalho acabado...um último olhar
Dia de canseira,dia de vessada...
Aurora Simões de Matos
Nota: Texto com uso de regionalismos da beira-Paiva
Sem comentários:
Enviar um comentário