terça-feira, 16 de abril de 2013
HOMENAGEM ÀS COSTUREIRAS - Poema de Aurora Simões de Matos
À MINHA COSTUREIRA
D.ILDA
E ÀS LINDAS ROUPINHAS COM QUE VESTIU
A MINHA INFÂNCIA
Tive um dia um vestidinho
andava pelos sete anos
de que guardo a memória
e que tem a sua história
Todo de piqué branquinho
tecido picotadinho
era cortado na cinta
com dois bolsinhos à frente
e atrás um laçarote
A rematar o decote
a gola em bico cortada
era toda debruada
a pontinho de recorte
A saia muito rodada
era forrada a saiote
que levava uma espiguilha
e ficava à maravilha
naquela saiinha armada
com dois lindos coelhinhos
bordados nos dois bolsinhos
D. Ilda mo cortou, alinhavou e provou
D. Ilda mo coseu, chuleou e caseou
e mo bordou.
Entre a larga vizinhança
corria certo boato
que agradava a minha mãe
que D. Ilda esmerava
quando pra mim trabalhava
e pra minha irmã também
Era falso esse boato
que pela aldeia corria
O que afinal se passava
era a bela sintonia
que existia
entre a boa D. Ilda a costurar
a minha criada Hortênsia a lavar
minha mãe que se esmerava a engomar
e a modelo que era eu...que bem vestia!...
Aurora Simões de Matos
Do livro POENTES DE MAR E SERRA --- 1997
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