domingo, 25 de novembro de 2012

Malhadinho





Tão pequeno e indefeso,
nasceu no monte
à sombra duma giesta em flor,
amparado pelo pegureiro
com mãos calejadas só de amor!

Nasceu da «Malhada»
que, balindo, toda dor,
confiou sem reservas o seu filho
ao generoso pegureiro
de mãos calejadas só de amor!

Um tufo de fentos e erva seca,
ao lado duma torga abandonada,
foi seu primeiro ninho de calor
no aconchego da primeira mamada..
.
E quando ao fim da tarde conheceu
os caminhos que iam dar ao lar,
sentiu o abraço enternecedor
que o levava ao peito,
muito ao jeito
do bondoso pegureiro
com mãos calejadas só de amor!

Cresceu o «Malhadinho»!
Já sabe andar sozinho
e não precisa da ajuda de ninguém,
nem mesmo do úbere de sua mãe.


Mas, quando calha, dia madrugado,
a vez de abrir a porta ao gado,
a vez de fazer sua vigia
ao amigo pegureiro
de mãos calejadas só de amor,
há sempre um olhar terno de alegria
e um balido de bom entendedor.

Aurora Simões de Matos


Sem comentários: